Record (Portugal)

Código de conduta

- DIRIGENTES DE TOSTÕES

campeonato nacional da 1.ª Divisão, na vertente profission­al masculina, é o produto supremo da atividade económica, que soe denominar-se indústria do futebol.

Estão identifica­dos os grandes números, que a tal indústria movimenta; em 2016/17, segundo o estudo da EY, contribuiu com 456 milhões de euros para o PIB, empregou diretament­e 2.055 pessoas e o volume de negócios das SAD, foi de 680 milhões. Para um país com a dimensão de Portugal, são números que já pesam alguma coisa.

Depois, há a miríade de todas as atividades, que gravitam à volta do futebol, de que a das apostas será a mais volumosa, mas não podemos esquecer a alimentaçã­o, a hotelaria, o comércio em geral, os transporte­s e por aí além.

Finalmente, há a questão da visibilida­de; bem ou mal, em Portugal, o fenómeno futebol concita largas horas e páginas na comunicaçã­o social, o interesse empenhado dos numerosos agentes, é tema recorrente de conversas, presenciai­s ou virtuais, de todos os estratos sociais e culturais, é traço de união das comunidade­s emigrantes e dos países de língua portuguesa.

Sempre tenho defendido que, com este perfil e, sobretudo, com este potencial, a indústria do futebol pode gerar mais dinheiro e, sobretudo, gerar mais receitas para os clubes, que são a mola real da sua dinâmica.

Só que, háummas, muito adversativ­o, em toda esta história; e esse é, a qualidade do dirigismo, de quem representa o futebol. Sintetizan­do, temos um futebol de milhões, mas com dirigentes de tostões.

Vêm estas reflexões a propósito das políticas de comunicaçã­o dos dois clubes mais envolvidos na conquista do título nacional, ao longo das últimas e decisivas jornadas;

SINTETIZAN­DO, TEMOS UM FUTEBOL DE MILHÕES, MAS COM

como se sabe, desdobram-se em declaraçõe­s inflamadas, criticando, lançando suspeições, acirrando os ânimos.

Não duvido de que, no curto prazo, essa postura possa provocar o impacto pretendido, mas a médio prazo, acaba por se virar contra quem a adota, por uma razão muito simples: é que, estas e outras atitudes minam a base sobre a qual repousa toda e qualquer atividade económica, ou seja, a idoneidade.

Era altura de a Liga assumir algum protagonis­mo e promover um código de boasprátic­as e de conduta para os clubes; seria uma daquelas situações raras, em que todos ganhavam. *

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