CURSO INTERROMPIDO À CUSTA DO FUTEBOL
João Lucas seguiu gestão mas a competição levou-o a deixar de lado um sonho do qual não desistirá
João Lucas, lateral-esquerdo do Santa Clara, representa um bom exemplo de um jogador que conseguiu conciliar o percurso nos escalões de formação com o sucesso académico. O jovem, de 23 anos, com passagens por Sporting, Belenenses e Benfica, está inscrito num curso de gestão na Universidade da Beira Interior.
A vocação para o ensino acabou por nascer do berço. Filho de uma professora, João Lucas admite que foi sempre incentivado a dar importância aos estudos. “Já em pequeno sofria pressões para apresentar boas notas. Depois fui crescendo com esse gosto de apresentar boas notas”, conta a Record, numa conversa em plena Universidade dos Açores. O lado competitivo acabou por contribuir para o
“A MAIORIA DAS PESSOAS NÃO IMAGINA O ESFORÇO NECESSÁRIO PARA CONCILIAR AS AULAS COM O FUTEBOL”
sucesso escolar, mas o defesa reconheceu, desde cedo, a importância de “apostar na formação” para garantir um futuro melhor.
A escolha da Universidade
A entrada para o Ensino Superior acabou por acontecer durante o último ano de júnior, precisamente quando jogava no Benfica ao lado de Rúben Dias, Ferro, Yuri Ribeiro ou Renato Sanches. Inicialmente, entrou para um curso de engenharia informática, na Universidade Nova de Lisboa, mas acabou por mudar de curso quando assinou pelo Benfica de Castelo Branco, em 2015. Escolheu gestão na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, mas apenas conseguiu fazer uma cadeira e suspendeu o curso. O crescimento da carreira e a transição para o futebol profissional acabaram por interromper a vida académica: “Não estava a conseguir conciliar as duas coisas e acabei por me concentrar apenas no futebol. Quan
do terminar a carreira, vou voltar a estudar, muito provavelmente”, conta o futebolista do Santa Clara. Como nunca chegou a representar qualquer Seleção Nacional, João Lucas não beneficia do estatuto de atleta de alto rendimento. Enquanto jogador do Benfica de Castelo Branco, era considerado trabalhador/estudante, mas as dificuldades existiram sempre. “Joguei no Belenenses até ao último ano de júnior e nunca fui internacional. Saía da escola e seguia para o treino. Voltava tarde para casa e ainda tinha de estudar. Estava a lutar por um sonho, mas a maioria das pessoas não imagina o esforço necessário para conciliar as aulas com o futebol”, finaliza. *