Record (Portugal)

“Terei de cumprir uma promessa se Jonas continuar”

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Como é que se motiva um jogador com o passado de Jonas no Benfica?

BL - O Jonas não estava no banco quando cheguei, estava lesionado e castigado. Primeiro, há que tentar conhecer os jogadores todos, enquanto atletas e homens. Depois há que transmitir-lhes e passar aos jogadores que todos contam, independen­temente do passado e estatuto. Não podemos viver do passado. Neste momento estamos a viver um momento ‘porreiro’, mas o próximo irá ser o mais difícil. O Jonas tinha de estar disponível, independen­temente do estatuto e da importânci­a, e esteve sempre, seja a fazer os 90 minutos ou a entrar e a revolucion­ar o jogo com o Portimonen­se, tanto como na demonstraç­ão de classe com o Rio Ave ao entrar dois ou três minutos. Fiquei rendido ao profission­al. Há que ser verdadeiro com os jogadores e explicar-lhes aquilo que podem fazer para ajudar a equipa.

Gostava que ele ficasse ligado ao clube depois de terminar a sua carreira?

BL – Sim. Quero que o Jonas esteja sempre feliz entre nós e foi essa a nossa conversa. Quero vê-lo com um sorriso, tranquilo e sempre disponível para ajudar. Agora vai de férias, campeão, com 300 golos no currículo, e quando chegar vamos falar. Se ele continuar, tenho de pagar uma promessa, porque quero que ele continue.

No primeiro contacto com os jogadores pediu para que jogassem pelo treinador?

BL – Não. Foi um ponto de partida. Olhando para trás, disse após o jogo do Santa Clara, em que o presidente tomou a decisão de que iria continuar até ao final da época, e até foi capa de jornal, eu senti isso, que ia ser líder deles. Senti isso desde a primeira intervençã­o. Fomos ao balneário falar, há um momento em que me sento com eles, e peço para olharem uns para os outros, porque a partir daí iam ter de jogar em função uns dos outros, que um teria de correr pelo outro. Mais um pouco. Quando estamos a falar e pela forma como interagimo­s, comecei a sentir que eles me estavam a ouvir. Ao entrar e sentir que eles me estão a ouvir, eles dão ainda mais se sentirem que os podem fazer jogar como equipa. Senti isso de forma intuitiva. Se as coisas corressem bem, podia continuar a ser o treinador deles. Foi um momento muito bom. Achei curioso o Pizzi dizer isso há dias numa entrevista, que também o sentiu.

Vieira disse na conferênci­a que ‘viu a luz’ sobre Rui Vitória mas disse também que não queria queimar Bruno Lage. Sentiu logo aí um sinal de confiança e temeu acolher a 7 pontos da liderança?

BL – Quando estou como adjunto do Carvalhal em Inglaterra e recebo a chamada do presidente, que diz: ‘Quando vieres a Portugal, vamos estar juntos para preparar o teu regresso ao Benfica’. Não me disse mais nada, mas eu percebi logo que poderia ser o desafio da equipa B. Na altura pensei que estava na Premier League e agora ia para a equipa B… Falei com o Carvalhal e disse-lhe que, face a todo o respeito que tenho pelo Benfica e pelo presidente, ia ouvir o que tinha para dizer. Assim foi. O Carvalhal deu-me liberdade total para falar com o presidente. Quando o presidente me falou no projeto da equipa B para cinco anos, não disse nada mais. Para quem está deste lado, esses cinco anos podem querer dizer alguma coisa para além de ser treinador da equipa B. O trabalho tinha vindo a ser feito na formação e, tal como os jogadores após dois ou três anos aqui podem atingir outros patamares, o Rui Vitória poderia ter essa ambição. *

“QUERO VER JONAS COM UM SORRISO E SEMPRE DISPONÍVEL. AGORA VAI DE FÉRIAS, CAMPEÃO, E QUANDO CHEGAR VAMOS FALAR”

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