Record (Portugal)

DO BAIRRO PARA A NAÇÃO

- NUNO MARTINS

FAMÍLIA E AMIGOS NUNCA FICAM PARA TRÁS Herói dos benfiquist­as, Bruno Lage é ainda o orgulho do Fonte do Lavra, em Setúbal

São 12h30 de quarta-feira. Bruno Lage e o pai, Fernando, acabam de sair de um café, meio escondido, para quem não conhece, no bairro setubalens­e de Fonte do Lavra. O campeonato já acabou, embora nesse dia à noite haja jantar de campeões. O treinador do Benfica, no entanto, foi a Setúbal. Sempre que pode – e fá-lo regularmen­te – o treinador do Benfica visita os pais e aproveita para conviver com os amigos de sempre. Diz quem o conhece que são o seu suporte, que é apegado aos que lhe são próximos.

Herói da nação encarnada, como ficou demonstrad­o nas celebraçõe­s no Marquês e na Câmara Municipal de Lisboa, o homem que conduziu as águias à conquista do 37º título é, também, “o orgulho do bairro”, como nos conta Mário Oliveira. Este administra­tivo , de 56 anos e há 28 residente no Fonte do Lavra, faz parte do círcu

“A BASE DELE É A HUMILDADE, SABER DE ONDE VEIO, AS SUAS RAÍZES, E OS AMIGOS”, DIZ-NOS MÁRIO OLIVEIRA

lo de amigos de Lage. Os dois participav­am em jogos de rua, “com balizas de pedra”, e em torneios de futebol de praia. “Ele mantém as ligações ao bairro, as amizades. Quando está cá, vem ao café, está com o pessoal. As raízes estão cá e nunca se afastou dos amigos”, assegura.

Ricardo Jesus atesta as palavras de Oliveira. O antigo médio fez parte do plantel do Estrela de Vendas Novas em 2002/03 e 2003/04, épocas em que Lage integrou a equipa técnica. Lembrado como um treinador “amigo dos jogadores”, Lage ainda hoje visita Jesus numa das pastelaria­s do sogro deste, embora com menos frequência desde que assumiu o comando técnico das águias. A última vez foi a seguir à vitória diante do Sporting, na primeira mão da Taça de Portugal. “Fez-me uma surpresa!”, recorda, falando de um homem que mantém os mesmos traços: “Discurso ponderado, calmo, ambicioso, com dose de humor e os pés bem assentes no chão. A base dele é a humildade, saber de onde veio, as suas raízes e os amigos que o ajudaram nesta caminhada.” *

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AMIGO. Mário Oliveira jogava na rua com Lage, com pedras a marcar as balizas na brincadeir­a

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