Record (Portugal)

Afinal, o que é mais importante do que o futebol?

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“ACHO QUE CADA UM PENSA QUE É APENAS ELE QUE ESTÁ A SOFRER E, NO ENTANTO, O BALNEÁRIO ESTÁ CHEIO DE PESSOAS COM EXPERIÊNCI­AS DIFÍCEIS” - GARETH SOUTHGATE

Bruno Lage venceu o 37.º campeonato de futebol do Benfica. Competênci­a técnica e uma gestão humanizada do balneário foram críticos na transforma­ção operada na equipa. Os jogadores sentiram uma melhoria na coesão e clima do grupo o que, aliado aos bons resultados, teve reflexos positivos na reação dos adeptos.

O bem-estar e a saúde mental es

tão intimament­e associados ao rendimento desportivo. Mas afinal, o que é mais importante do que o futebol? A FA controla o futebol em Inglaterra e é presidida pelo Príncipe William, que tem acusado os clubes ingleses de não apoiarem os atletas e apelado para que se altere o hábito de ver os jogadores como “ativos financeiro­s”. Foi neste contexto que decorreu nesse país uma semana de sensibiliz­ação para a saúde mental no desporto, e que os futebolist­as Danny Rose e Peter Crouch deram uma entrevista à BBC. Rose revelou ter sofrido uma depressão causada por lesões e por uma tragédia familiar. Crouch, conhecido pela sua elevada estatura e aspeto franzino, afirmou que foi difícil crescer num ambiente em que estas caracterís­ticas lhe valeram ofensas constantes. Costumava chorar à noite quando tinha 14, 15 anos, e perguntava ao seu pai porque é que não era igual aos outros. Ele e a família sentiam-se muito mal com a crueldade dos adeptos.

Nos EUA, W. Parham, da NBPA, lidera um projeto que

coloca em primeiro plano a saúde mental e o bem-estar dos jogadores de basquetebo­l da NBA. A lista dos problemas passa pela nutrição, disfunções do sono, viagens frequentes, questões familiares, conflitos pessoais e financeiro­s, lesões, depressão, ansiedade e stress.

Parham e Dooling apresentar­am um plano com cinco passos que prevê: (1) um diretório de psicólogos em cada cidade onde há uma equipa da NBA; (2) uma linha de crise de 24 horas para atletas; (3) educar os atletas sobre saúde mental; (4) construir relacionam­entos com os atletas; (5) fortalecer a relação com os média.

Parham considera ainda que “as revelações dos atletas relativame­nte aos seus conflitos e desafios na área da saúde mental não são novas, mas quando estas narrativas se tornam públicas, é importante estar atento e ouvir as vozes coletivas de todos os atores desportivo­s de modo a dar respostas adequadas aos seus problemas”. Em Portugal, os psicólogos estão preparados para atuar de forma holística no desporto, desde as dimensões relativas à saúde psicológic­a e bem-estar, até à promoção do alto rendimento, passando pela prevenção dos riscos psicossoci­ais e da violência em geral.

Parabéns ao Benfica pela conquista do 37.º , ao psicólogo Pedro Almeida, responsáve­l pelo serviço de psicologia, e a toda a equipa de performanc­e humana.

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