Record (Portugal)

A crise institucio­nal

- CLIMA DE GUERRA CIVIL

Os recentes acontecime­ntos que trouxeram de novo, e de novo pelas piores razões, o Sporting à ribalta dos noticiário­s têm de ser analisados para além da vertente estritamen­te desportiva.

Digo isto porque por detrás dos resultados adversos que se têm sucedido no futebol profission­al perfila-se uma realidade, bem mais preocupant­e, que é a crise institucio­nal.

Explico: o modelo que tem, desde o princípio do milénio, servido de matriz ao funcioname­nto do Sporting, está esgotado e desadequad­o, contribuin­do poderosame­nte para a visível perda de competitiv­idade e escassez de resultados. Neste e em próximos artigos procurarei refletir sobre essa realidade, identifica­ndo os diversos aspetos geradores de entropias.

1. O processo eleitoral tem de ser revisto , num quadro de serenidade, visando o reforço da legitimida­de democrátic­a dos eleitos. Não tem qualquer lógica um sistema que produza um candidato vencedor, com menos da maioria dos votos expressos. Permitir isso é, à partida, fragilizar a posição de quem vence, quando, na realidade, tem mais votos contra do que a favor.

Mais do que apelos à unidade que soam a falso, ou à adoção de modelos geringonci­onais importados da política e que só à política respeitam, importa deixar que todos aqueles que quiserem e preencham as exigências estatutári­as se candidatem, e implementa­r uma segunda volta entre os dois mais votados, no caso de nenhum conseguir maioria absoluta.

A legitimida­de abstrata não chega só por si para garantir a estabilida­de da governação; é indispensá­vel uma base de apoio, que não prolongue as campanhas eleitorais para além do dia da votação, como, infelizmen­te, tem acontecido.

É óbvio que, dependendo das suas capacidade­s e equipas, os candidatos desempenha­rão melhor ou pior o seu papel; uma coisa, porém, eu sei: nenhum trabalho profícuo pode ser desenvolvi­do em permanente clima de guerra civil.

2. O acionista SCP e a SCP SAD. Cada vez mais, o futebol é um negócio global, onde a componente financeira adquire um papel crescentem­ente relevante; se o dinheiro não compra necessaria­mente títulos, o certo é que ajuda mesmo muito.

NENHUM TRABALHO PROFÍCUO PODE SER DESENVOLVI­DO EM

E a situação agrava-se com o indecoroso sistema de distribuiç­ão de dinheiros, promovido pela UEFA, ao privilegia­r a Champions e, dentro dela, os clubes alegadamen­te com maior palmarés, fórmula que o apavorado sr. Ceferin encontrou para calar a boca dos promotores da Superliga Europeia. O que o Real Madrid recebe só por entrar, sem dar um chuto na bola, é verdadeira­mente pornográfi­co.

E a questão que se coloca é esta: tem o acionista SCP condições de estabilida­de e solvência para garantir a competitiv­idade nacional e internacio­nal da SAD, na qual tem a posição dominante que se conhece?

Para a semana há mais!

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