O VIMARANENSE DO ARSENAL
Nasceu em Guimarães, morou perto do estádio, trabalhou no voleibol e é fisioterapeuta dos ingleses
O V. Guimarães vai ser recebido de braços abertos em Londres por um compatriota. Ou melhor, um conterrâneo e ex-funcionário dos vimaranenses: Paulo Barreira. Aos 37 anos, é fisioterapeuta da equipa principal do Arsenal e tem uma ligação muito forte à cidade e ao clube. “Nasci em Guimarães e vivi os primeiros 14 anos mesmo ao lado do Estádio D. Afonso Henriques. O Vitória faz parte da minha vida porque ia ver os jogos ao estádio quando era miúdo. Este jogo diz-me muito”, confessa Paulo Barreira a Record. Regressam as memórias de infância e do início da carreira profissional. “Fiz a época 2003/04 na secção de voleibol do Vitória e foi uma experiência muito interessante, num desporto com uma cultura completamente diferente do futebol”, recorda. O futebol era, precisamente, a modalidade em que Paulo Barreira queria trabalhar. A possibilidade surgiu no ano seguinte e logo num… rival do V. Guimarães. “Acabei a licenciatura e iniciei um estágio no Moreirense. Rapidamente passou para um contrato profissional, porque a equipa tinha alguns jogadores importantes lesionados e havia a necessidade de ter alguém com formação na área da Fisioterapia”, acrescenta. Saiu no final dessa época, após a descida de divisão do Moreirense, e começou a trabalhar numa clínica que abrira com mais dois sócios.
Paulo Barreira só voltou ao futebol cinco anos depois e logo pela porta do Liverpool [ver peça à parte]. Al Ahli (Dubai) e Al Jazira (Abu Dhabi) foram as etapas seguintes, regressando a Inglaterra em janeiro de 2018. “O Arsenal contratou um responsável pela performance com quem eu já tinha trabalhado no Liverpool e ele convidou-me. Houve na mesma um processo de seleção, mas não tive muitos problemas porque o registo para trabalhar no país ainda estava ativo e as minhas qualificações encaixavam no perfil. Tenho o curso de Fisioterapia, sou osteopata e tenho um doutoramento na área das Ciências do Desporto com vertente de Biomecânica”, resume. O processo de mudança para o Arsenal foi rápido, embora uma das fases tenha sido... bem longa. “A segunda entrevista serviu apenas para conhecer Arsène Wenger. Viajei 7 horas desde o Dubai, mais duas horas para chegar às instalações do clube e depois tive uma reunião de apenas 20 minutos com Wenger. Ficou tudo acertado e fiz o percurso inverso [risos].” Inserido no departamento médico e de performance do Arsenal, o português tem duas funções principais. “Existe a parte da reabilitação das lesões, que podem ser mais ou menos otimizadas. Esta é uma vertente sempre importante para o clube, porque reflete a disponibilidade dos jogadores para os treinos e jogos e os prazos de recuperação. A segunda parte é quando a equipa médica e de performance tem oportunidade de aconselhar e intervir na gestão do atleta no seu todo, dentro e fora de campo, o que pode ter um contributo importante na prevenção de lesões”, resume Paulo Barreira. “O preparador físico é a ponte para o treinador aproveitar esta informação que lhe damos para se decidir em relação à gestão dos atletas e para que os jogadores estejam numa forma física adequada para o modelo de jogo”, explica. Esta é a história de Paulo Barreira, o vimaranense que ajudou os jogadores do Arsenal a ficarem a 100% para o confronto com o... V. Guimarães.