Oliveira e o Sporting
O ‘status quo’ que Vítor Oliveira já adquiriu permite-lhe dizer o que outros não arriscam sequer pensar. Mas o treinador do
Gil Vicente não podia ter sido mais certeiro no diagnóstico ao Sporting que acabara de bater em Barcelos. O plantel leonino perde, de facto, na comparação com o Benfica e o FC Porto. E, ainda mais importante, “pode trocar de presidente e de treinador, mas sem grandes jogadores não dá”. Desde que Jesus quase levou o Sporting ao título em 2015/16, o Sporting perdeu jogadores como Patrício, João Mário, Elias, Bryan Ruiz, William, Adrien, Slimani, Gelson, Coentrão, Piccini, Podence, Gudelj, Raphinha e Bas Dost. Só estes dois últimos bastariam para concluirmos que o atual Sporting é pior do que o da época passada, no que também reflete atos de má gestão e finanças depauperadas. Ilori, Borja, Rosier, Doumbia, Eduardo, Jesé e até Bolasie não têm qualidade suficiente e representam a maior fatia dos 45 milhões de euros malgastados nos mercados de janeiro e do verão. O que resta de verdadeira elite? Bruno Fernandes, claro, e também Mathieu, este já com 36 anos. Depois, há também Coates, Acuña, Wendel e Vietto, que têm talento e, no caso dos dois últimos, margem de progressão. Há ainda um conjunto de jovens promissores (incluindo o guarda-redes Maximiano), não muitos, porque um dos problemas é a decadência da formação que vem de Bruno de Carvalho.
É uma verdade difícil de assumir perante os adeptos, mais a mais num clube tão balcanizado. Mas há que ter a coragem de admitir que o Sporting terá de fazer mais uma travessia do deserto. Só com tempo e uma gestão criteriosa e inteligente é que poderá voltar a formar uma equipa competitiva. Mas isso é incompatível com sublevações e rebeliões.