CONFIRMADA DISCUSSÃO ENTRE BDC E JOGADORES
Ricardo Gonçalves ouviu William a acusar o ex-líder de pedir à Juve Leo para ameaçar e agredir equipa
No decorrer da sétima sessão do julgamento ao caso da invasão da Academia, em Alcochete, ficou confirmada a reunião quente de Bruno de Carvalho com os jogadores do Sporting, após a derrota em Madrid (0-2) e a troca de críticas, comunicados públicos e ameaças de processos disciplinares. Foi Ricardo Gonçalves, diretor de operações e segurança dos leões, quem assegurou o que aconteceu e com pormenores, ontem, no Tribunal do Monsanto.
Os factos remontam a 7 de abril de 2018, dois dias após a derrota na Liga Europa, frente ao Atlético Madrid. “Não estive presente, mas estive no exterior do espaço onde se realizou. Realizou-se no balneário do Estádio José Alvalade, no pequeno auditório. Estávamos todos na zona. Os jogadores entraram, a porta foi fechada e eu fiquei no exterior”, disse, assegurando que foi uma reunião “entre os jogadores e o presidente Bruno de Carvalho”. “Houve discussão. Não pude deixar de ouvir as partes. Os ânimos exaltaram-se e o volume aumentou”, acrescentou, enquanto BdC, na sala dos arguidos, cha
mava pelo advogado Miguel A. Fonseca e mais tarde perceber-se-ia porquê.
“Ouvi Bruno de Carvalho dizer a Rui Patrício que era um ingrato, que quando chegou ao Sporting, o guarda-redes queria ir embora e agora estava armado em vedeta. Depois ouvi insultos de parte a parte”, afirmou Ricardo Gonçalves, que também é militar da GNR, revelando outro momento da acesa discussão: “Ouvi o William [Carvalho] dizer a Bruno de Carvalho que tinha falado com o Mustafá [Nuno Mendes], líder da Juve Leo, que tinha pedido para ameaçar e agredir os jogadores. BdC disse que não tinha feito nada disso e ligou [a Mustafá], mas depois afastei-me. Estava a ficar constrangido.” Ora, enquanto ouvia as declarações de Gonçalves, com quem trabalhou em Alvalade, Bruno de Carvalho ficou indignado pelas palavras proferidas. Não por faltarem à verdade, mas sim por revelarem uma conversa privada conforme explicou o causídico do ex-presidente dos leões, que pediu um requerimento logo na altura ao coletivo de juízes, liderado pela juíza Sílvia Pires. “Pela testemunha foi transmitida uma conversa particular e privada, numa sala fechada. Pedimos que seja declarada nula uma conversa do arguido quando este se remeteu ao silêncio”, adiantou Miguel A. Fonseca.
ADVOGADO DO EX-PRESIDENTE PEDIU NULIDADE DA REVELAÇÃO DO RESPONSÁVEL DE SEGURANÇA POR SER “CONVERSA PRIVADA”