Verdades incómodas
Alexandre Carvalho
Depois de mais uma derrota em 2019/20 – a oitava (!) em 20 jogos oficiais –, o Sporting ouviu do treinador do Gil Vicente, Vítor Oliveira, aquilo que não queria: a verdade mais incómoda. Este plantel não pode, em nenhuma circunstância, ser candidato ao título; este grupo não é, como quiseram ‘vender’ Frederico Varandas e Hugo Viana, melhor do que o da época passada; esta equipa tem, isso sim, desequilíbrios de planeamento gritantes e que, com o passar dos jogos, ficam mais evidentes.
De todos os culpados – e há vários –, Silas é aquele que menor responsabilidades tem: não foi ele quem construiu o plantel; não foi ele quem decidiu os jogadores inscritos nas várias competições; não foi ele quem decidiu onde gastar o (pouco) dinheiro que o Sporting tinha à disposição. Silas é culpado de algum desvario tático. Além do mais, e este sim é um sinal preocupante, um treinador não pode permitir que a sua equipa jogue em ‘roda livre’ nos últimos dez minutos, como o próprio assumiu ter acontecido com o Gil Vicente. É um atestado de incompetência passado em nome próprio e que indicia pouco controlo sobre o grupo.
Varandas e Viana prepararam mal o plantel e isto não pode ser disfarçado com as limitações financeiras. Uma equipa que apresenta apenas um jogador de qualidade acima da média (Bruno Fernandes) não pode ombrear com Benfica e FC Porto, que têm plantéis bem desenhados e, por norma, com duas boas alternativas para cada posição. O Sporting nem uma tem, quanto mais duas... Não será em janeiro que o leão irá corrigir seja o que for. O processo vai demorar e será penoso. O melhor é começar a olhar para o futuro, preparando já 2020/21. Porque esta época está perdida desde agosto.