“Sporting ganhou com a minha renovação”
Com a renovação de contrato foi aumentado no salário mas abdicou de um prémio (5 M€) a que teria direito por o Sporting ter recusado uma proposta oficial do Tottenham superior a 35 milhões de euros (60 M€). Não é habitual ouvirmos um jogador falar destes pormenores em público. Achou que o devia fazer por as pessoas terem começado a questionar o aumento?
BF – Não. Toda a gente questiona tudo. Bem ou mal, há sempre alguém que vai questionar. Não o fiz por essa razão. A razão por que o fiz naquele momento foi porque se especulou muito. Como já disse várias vezes, os jogadores tentam abstrair-se do exterior, das televisões e tudo mais, mas é muito fácil essas informações chegarem-nos hoje em dia. Grupos de amigos,
WhatsApp, Instagram, Facebook... É muito fácil.
Não se vive numa bolha…
BF – Não dá para viver numa bolha. Era importante no momento as pessoas perceberem aquilo que estava a acontecer. Porque transparece para fora que o Sporting está a viver um momento negativo a nível financeiro e [as pessoas interrogam-se] como é possível haver a renovação. Foi isto o que eu quis explicar. Toda a gente falava de que o Bruno ganhava 1,2 milhões de euros e passou a ganhar 2 milhões de euros [por época]. É uma diferença de 800 mil euros que, para o Sporting, são 1,6 milhões por ano brutos. O Sporting teria de pagar 5 milhões que seriam 10 M€ brutos. Se tirarmos 1,6 milhões aos 10 M€ brutos, o Sporting ficou a ganhar e bastante com a minha renovação, a nível do que poderia ser o gasto.
Porque teve essa preocupação?
BF – O Sporting deu-me muito. A maneira de um jogador retribuir é sempre difícil, porque depende dos resultados que temos em campo. E os resultados não vão ser sempre positivos, as coisas não vão sair sempre bem, o Bruno não vai marcar sempre 32 golos… Gostaria de o fazer mas é um patamar muito alto. Senti que, por aquilo que o Sporting me tem vindo a dar ao longo dos tempos, era certo da minha parte fazê-lo. E também por todo o transtorno que foi causado pela rescisão de contrato. Apesar de não ter havido renovação de contrato nessa altura, o Sporting teve um transtorno muito grande. Para fora passou uma imagem muito negativa e foi a única maneira de eu ajudar o Sporting. Era merecido pela parte do Sporting que eu tivesse esta atitude. Eu e o meu empresário [Miguel Pinho]. Ninguém faz as coisas de graça, seja no futebol ou noutro trabalho qualquer. Os empresários tentam tirar sempre o máximo partido. Mas ele concordou comigo, porque o prémio seria para mim mas não era só meu a nível contratual.