“É triste ver o Sporting assim”
ADRIEN EM GRANDE ENTREVISTA E SEM PAPAS NA LÍNGUA
“Não tenho ressentimentos mas tenho memória”
“Quero estar no Europeu”
“Porque não? E não tem de ser no final da carreira”
“Prefiro acreditar que não houve pressões para aquilo acontecer”
“Enquanto capitão e jogador não gostei das mensagens nas redes sociais”
É comum os futebolistas sonharem jogar na Premier League. Também era para si?
Adrien Silva – Sem dúvida. E a verdade é que estou muito feliz por o ter concretizado.
A verdade é que depois de épocas muito boas no Sporting, acaba por rumar ao Leicester. Consegue explicar porque não conseguiu impor-se de forma tão regular como no Sporting?
AS - A partir do momento em que começo daquela maneira [N.D.R. seis meses sem jogar por problemas na inscrição], é sempre mais difícil. Parte-se logo com uma desvantagem enorme. Como disse e bem, o nível é diferente, a concorrência é outra e quando se perde o comboio, como aconteceueu comigo, é complicado. São seis meses e isso é muito tempo para um jogador. Mas não baixei os braços. O meu sonho era mesmo jogar nesse campeonato. Fiz tudo para tal e consegui. Depois desse período muito difícil em que estive sem jogar, ainda fiz 16 jogos. Para mim já foi uma grande vitória, pois a nível de experiência foi das melhores que tive.
O que ganhou com isso?
AS - Foi importante para testar o meu caráter, a minha ambição, pois queria muito ir ao Mundial e isso estava em jogo. E conseguir lá estar foi uma grande vitória.
AS - Não, já passou. É uma histó-história que fica para recordação. Há boas e más. A minha carreira tem sido uma montanha-russa. Não tenho ressentimentos, mas tenho memórias. A vida decidiu escolher esse caminho para mim e ninguém disse que seria fácil.
Sentiu que possa ter sido um ato de má-fé?
AS - Não gosto de pensar dessa forma. Gosto sempre de pensar nas coisas positivas que podem vir daqui para a frente. Nunca penso muito nono queque aconteceu de menos bom.
Voltando ao Leicester, ainda acaba por iniciar a época seguinte, mas sai em janeiro para o Monaco. Foi uma decisão sua?
AS - Era importante para mim colocar tudo no meu lado. Meter tudo nas minhas mãos para não ficar arrependido mais tarde. Isto quer dizer que sabia que tinha um Europeu à porta, as coisas como estavam não me agradavam e decidi tomar mais uma vez a decisão que achava mais correta para a minha carreira e objetivos. E o primeiro era mesmo voltar a ser feliz no campo e para isso era preciso mudar. Não estavam a surgir as oportunidades que eu merecia e que deviam. Faltava regularidade no tempo de jogo. E há o Europeu,ropeu, que está de volta aos obje-objetivos que tracei.
O facto de Leonardo Jardim ter chegado ao Monaco, poucos dias antes de si, foi determinante na decisão?
AS - Sim, pesou na balança, pois não era a única opção que tinha. Era a escolha certa pela maneira de trabalhar do míster, que já conhecia. E precisava de um treinador que eu soubesse que se trabalhasse no máximo teria as minhas oportunidades. Sabia que não teria a titularidade garantida, mas que teria oportunidades.
“ATRASO DE 14 SEGUNDOS NA INSCRIÇÃO NO LEICESTER? NÃO TENHO RESSENTIMENTOS, MAS TENHO MEMÓRIA”
“CAÍ NO ESQUECIMENTO. NÃO DÁ PARA ESCONDER. É UMA REALIDADE. A CONCORRÊNCIA TAMBÉM É MUITO BOA”
AS - Desde o ano passado que sinto isso. Foi um risco mudar para lá, na situação em que a equipa esta
va, com apenasapena 13 pontos em janeiro.neiro. NenhumaNenhu equipa tinha conseguidoconseguido recuperarrec tantos pontos de atraso. Nós conseguimos. Com o regresso do míster e reforços conseguimos. Foi das coisas mais positivas do ano passado.
Qual foi o segredo?
AS - A mentalidade do treinador é sempre muito importante, aquilo que consegue transmitir ao grupo. Um grupo só consegue ter êxito quando trabalha no mesmo sentido. E essa foi a mensagem que ele transmitiu quando voltou. Foi assim que conseguimos os pontos necessários.
Tem jogado com regularidade, feito boas exibições, mas a verdade é que desde o Mundial não voltou a ser convocado por Fernando Santos. Como explica que tenha perdido essa influência? Caiu no esquecimento?
AS - Sim, não dá para esconder. É uma realidade. Há motivos para tudo e aconteceu de uma forma que eu não queria. Foi por isso que informei o Leicester o ano passado, no início da época, quando voltei do Mundial, que queria voltar a jogar com regularidade,
para poder contar para os planos do míster. Sabemos que só chama quem estiver a jogar e em forma. É perfeitamente normal, aceita-se com toda a naturalidade. Mas quis fazer alguma coisa para mudar esse rumo. Não aconteceu dessa forma. E por isso quis mudar para o Monaco.
Ainda assim, está no Monaco há um ano, joga com regularidade, mas não voltou à Seleção.
AS - Sim, mas há uma concorrência grande. E muitos deles a jogar e bem nos clubes. Serão escolhas do míster que cada um terá de aceitar.
Fernando Santos alguma vez falou consigo sobre isso?
AS - Não tem de o fazer. Temos uma relação muito boa, sempre tivemos, muito sincera.
É o grande objetivo a curto prazo?
AS - Sem dúvida. Quero estar no Europeu. Representar o país é o ponto mais alto para um jogador. E em competições desse nível é um sonho. Era algo que nem passa pela cabeça de um jovem quando começa a jogar. Quero muito estar no Europeu do próximo ano.