Record (Portugal)

“É triste ver o Sporting assim”

ADRIEN EM GRANDE ENTREVISTA E SEM PAPAS NA LÍNGUA

- TEXTOS VALTER MARQUES FOTOS MIGUEL BARREIRA

“Não tenho ressentime­ntos mas tenho memória”

“Quero estar no Europeu”

“Porque não? E não tem de ser no final da carreira”

“Prefiro acreditar que não houve pressões para aquilo acontecer”

“Enquanto capitão e jogador não gostei das mensagens nas redes sociais”

É comum os futebolist­as sonharem jogar na Premier League. Também era para si?

Adrien Silva – Sem dúvida. E a verdade é que estou muito feliz por o ter concretiza­do.

A verdade é que depois de épocas muito boas no Sporting, acaba por rumar ao Leicester. Consegue explicar porque não conseguiu impor-se de forma tão regular como no Sporting?

AS - A partir do momento em que começo daquela maneira [N.D.R. seis meses sem jogar por problemas na inscrição], é sempre mais difícil. Parte-se logo com uma desvantage­m enorme. Como disse e bem, o nível é diferente, a concorrênc­ia é outra e quando se perde o comboio, como aconteceue­u comigo, é complicado. São seis meses e isso é muito tempo para um jogador. Mas não baixei os braços. O meu sonho era mesmo jogar nesse campeonato. Fiz tudo para tal e consegui. Depois desse período muito difícil em que estive sem jogar, ainda fiz 16 jogos. Para mim já foi uma grande vitória, pois a nível de experiênci­a foi das melhores que tive.

O que ganhou com isso?

AS - Foi importante para testar o meu caráter, a minha ambição, pois queria muito ir ao Mundial e isso estava em jogo. E conseguir lá estar foi uma grande vitória.

AS - Não, já passou. É uma histó-história que fica para recordação. Há boas e más. A minha carreira tem sido uma montanha-russa. Não tenho ressentime­ntos, mas tenho memórias. A vida decidiu escolher esse caminho para mim e ninguém disse que seria fácil.

Sentiu que possa ter sido um ato de má-fé?

AS - Não gosto de pensar dessa forma. Gosto sempre de pensar nas coisas positivas que podem vir daqui para a frente. Nunca penso muito nono queque aconteceu de menos bom.

Voltando ao Leicester, ainda acaba por iniciar a época seguinte, mas sai em janeiro para o Monaco. Foi uma decisão sua?

AS - Era importante para mim colocar tudo no meu lado. Meter tudo nas minhas mãos para não ficar arrependid­o mais tarde. Isto quer dizer que sabia que tinha um Europeu à porta, as coisas como estavam não me agradavam e decidi tomar mais uma vez a decisão que achava mais correta para a minha carreira e objetivos. E o primeiro era mesmo voltar a ser feliz no campo e para isso era preciso mudar. Não estavam a surgir as oportunida­des que eu merecia e que deviam. Faltava regularida­de no tempo de jogo. E há o Europeu,ropeu, que está de volta aos obje-objetivos que tracei.

O facto de Leonardo Jardim ter chegado ao Monaco, poucos dias antes de si, foi determinan­te na decisão?

AS - Sim, pesou na balança, pois não era a única opção que tinha. Era a escolha certa pela maneira de trabalhar do míster, que já conhecia. E precisava de um treinador que eu soubesse que se trabalhass­e no máximo teria as minhas oportunida­des. Sabia que não teria a titularida­de garantida, mas que teria oportunida­des.

“ATRASO DE 14 SEGUNDOS NA INSCRIÇÃO NO LEICESTER? NÃO TENHO RESSENTIME­NTOS, MAS TENHO MEMÓRIA”

“CAÍ NO ESQUECIMEN­TO. NÃO DÁ PARA ESCONDER. É UMA REALIDADE. A CONCORRÊNC­IA TAMBÉM É MUITO BOA”

AS - Desde o ano passado que sinto isso. Foi um risco mudar para lá, na situação em que a equipa esta

va, com apenasapen­a 13 pontos em janeiro.neiro. NenhumaNen­hu equipa tinha conseguido­conseguido recuperarr­ec tantos pontos de atraso. Nós conseguimo­s. Com o regresso do míster e reforços conseguimo­s. Foi das coisas mais positivas do ano passado.

Qual foi o segredo?

AS - A mentalidad­e do treinador é sempre muito importante, aquilo que consegue transmitir ao grupo. Um grupo só consegue ter êxito quando trabalha no mesmo sentido. E essa foi a mensagem que ele transmitiu quando voltou. Foi assim que conseguimo­s os pontos necessário­s.

Tem jogado com regularida­de, feito boas exibições, mas a verdade é que desde o Mundial não voltou a ser convocado por Fernando Santos. Como explica que tenha perdido essa influência? Caiu no esquecimen­to?

AS - Sim, não dá para esconder. É uma realidade. Há motivos para tudo e aconteceu de uma forma que eu não queria. Foi por isso que informei o Leicester o ano passado, no início da época, quando voltei do Mundial, que queria voltar a jogar com regularida­de,

para poder contar para os planos do míster. Sabemos que só chama quem estiver a jogar e em forma. É perfeitame­nte normal, aceita-se com toda a naturalida­de. Mas quis fazer alguma coisa para mudar esse rumo. Não aconteceu dessa forma. E por isso quis mudar para o Monaco.

Ainda assim, está no Monaco há um ano, joga com regularida­de, mas não voltou à Seleção.

AS - Sim, mas há uma concorrênc­ia grande. E muitos deles a jogar e bem nos clubes. Serão escolhas do míster que cada um terá de aceitar.

Fernando Santos alguma vez falou consigo sobre isso?

AS - Não tem de o fazer. Temos uma relação muito boa, sempre tivemos, muito sincera.

É o grande objetivo a curto prazo?

AS - Sem dúvida. Quero estar no Europeu. Representa­r o país é o ponto mais alto para um jogador. E em competiçõe­s desse nível é um sonho. Era algo que nem passa pela cabeça de um jovem quando começa a jogar. Quero muito estar no Europeu do próximo ano.

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