“SUBIDA NUNCA FOI O OBJETIVO PARA ESTA TEMPORADA”
Diretor desportivo do Estoril preparou a época enquanto a SAD mudava de dono. Explica o plano para os próximos anos, com uma aposta cada vez mais forte na formação, e não esconde a ambição de levar o clube de volta à 1.ª Liga
R Quatro meses depois de a SAD mudar de donos, o Estoril já trabalha com estabilidade?
PEDRO ALVES – Claramente. No dia 1 de julho havia uma indefinição grande, não sabíamos se ficava a Traffic. Só com a permanência da grande estrutura de anos anteriores foi possível ter uma equipa na 2ª Liga e outra de sub-23 porque foi como entrar num comboio que já ia a ‘120 à hora’. Não podemos falar em instabilidade, mas também não era a melhor situação para atacar a 2ª Liga.
R Foi por essa chegada tardia que a nova SAD anunciou que esta é a época de reorganização?
PA – Sim. O novo presidente, Jeff Saunders, disse publicamente que este é um ano de reorganização de ideias. Essas estão a ser implementadas, e bem. Conseguimos formar dois plantéis competitivos, com muita qualidade e mesmo não havendo a obrigação de subir, está a ser incutido o espírito de ‘jogo a jogo’. Temos o sétimo ou oitavo orçamento mais elevado da 2ª Liga mas, como se vê nos nossos jogos, temos uma equipa competitiva e disposta a honrar o nome do Estoril.
R Como estão os adeptos a viver este “ano de reorganização”?
PA – Hoje somos um clube estável mas ainda a trilhar um caminho. Por exemplo, estamos a alargar o centro de treinos da Adroana, que é excelente, para receber mais dois campos. Estamos no caminho certo, mas sem o peso da obrigação de subida. Isso é importante para se trabalhar e é isso que os sócios e adeptos têm de perceber. Agradecemos a compreensão de todos e também o apoio, principalmente do pessoal do sector B, adeptos que demonstram sempre o amor que sentem pelo Estoril, apoiam nas vitórias e nas derrotas, contamos com o apoio deles, não só da claque mas de todos os sócios. O Estoril clube tem mais de 2.000 pessoas ativas e nós estamos cada vez mais próximos do GDEP pois
queremos criar o ‘jogador à Estoril’. Na época passada tivemos o Toti e o Mascarenhas a subirem dos sub-19, esta época temos o Afonso, o Vital e o Gabriel Castro que vieram das escolas. O futuro do Estoril é este, aproveitar os jogadores da formação do GDEP.
R As recentes derrotas mostram aos estorilistas que devem encarar a época sem sonhar com a subida?
PA – Quando temos um presidente novo na SAD e no país e nos diz qual o principal objetivo da época, é essa a mensagem que temos de passar aos estorilistas. A subida nunca foi o objetivo para esta temporada, ao contrário de seis ou sete candidatos assumidos. A ambição está cá, claro que queremos ganhar todos os jogos mas o facto de perdermos três ou quatro não muda o planificado. Ninguém vive bem com as derrotas, mas pensamos apenas em ganhar o próximo jogo. O objetivo é reorganizar e no futuro formar jogadores para vender. Só se consegue vender valorizando os ativos e só os valorizamos ganhando, é assim em todo o lado, trabalhamos para esse crescimento.
R Essa valorização de ativos já está a acontecer?
PA – Há jogadores com mercado. Nos sub-23 temos internacionais, logo, esses são vistos pelos clubes de outra dimensão. Por exemplo, o Chiquinho, o Sandro e o Vital são apetecíveis para clubes com poder de compra.
R Assinou pelo clube com o Estoril na 1.ª Liga mas chegou após a descida. Voltar à 1.ª é a meta?
PA – Tenho contrato até final da época e sou feliz aqui. Dava-me muito gozo deixar o Estoril na 1ª Liga quando sair. Aliás, prefiro dizer assim: vai dar-me muito gozo subir o Estoril à 1ª Liga.
“FOI COMO ENTRAR NUM COMBOIO QUE IA A ‘120 À HORA’. NÃO ERA A MELHOR SITUAÇÃO PARA ATACAR A 2ª LIGA”