Record (Portugal)

“Levei o que os brasileiro­s gostam: futebol de ataque”

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público que há muitos anos que segue o futebol brasileiro pela televisão. De que forma é que esse conhecimen­to foi importante?

JJ – O conhecimen­to que tinha era ao longe, porque via muito o PFC. Gostava de ver, mas não foi isso que me fez chegar ao Brasil e ter êxito. Isso foi pela nossa ideia de trabalho, de jogo, a forma como apresentám­os a nossa proposta aos jogadores e a forma como eles a aceitaram. Tudo se tornou mais fácil também porque tenho jogadores de grande qualidade.

O que mudou? Onde é que disse ‘vamos fazer diferente’ quando chegou?

JJ – Mudou a forma de jogar do Flamengo e daqui para a frente o futebol brasileiro vai mudar; aliás, já está a mudar. Levei aquilo de que eles gostam: um futebol de ataque. O Brasil estava habituado a esse futebol nos anos 80 e 90 e eu apareci com essa ideia de jogo e eles ficaram encantados. Sentiram que eu, vindo de um país diferente, comecei a passar a imagem de um futebol que eles adoram e que tinham deixado de ter. Os meus jogadores tinham caracterís­ticas para isso. O Flamengo, como o Bruno Henrique disse e os nossos adversário­s acharam que estava a ser um pouco arrogante, estava noutro patamar. E estava noutro patamar, ele sabia o que estava a dizer. A forma como nós trabalhamo­s está noutro patamar, os jogadores do Flamengo estão noutro patamar. Levámos as nossas ideias de trabalho, a nossa metodologi­a de treino, a nossa forma de olhar para o jogo, a forma como nós trabalhamo­s no campo. Não tenho dúvida de que é diferencia­da: ninguém no Mundo trabalha como nós. Não estou a dizer que é a melhor, mas que é diferente é. Agora já alguns trabalham, porque andam a copiar-nos…

Coloca este Flamengo ao nível do Benfica do primeiro ano como uma das suas melhores criações…

JJ – Pelas caracterís­ticas dos jogadores…

Havia jogadores que tinham semelhança­s: Gabigol era um Cardozo pelos golos que marca, o Bruno Henrique um Saviola…

JJ – O Aimar era um jogador muito mais poderoso do que o Gerson, nas laterais tínhamos dois jogadores muito criativos e rápidos, Di María e Ramires, tínhamos um médio-defensivo, Javi García, um pouco como o Arão… Depois tínhamos uma linha de quatro muito forte atrás, como o Flamengo tem. Tive mais tempo no Benfica, porque tive um ano para a elaborar, ali tive menos tempo mas já está. Uma das vantagens se continuar no Flamengo é que a equipa vai evoluir cada vez mais defensivam­ente. Fiz essa comparação pelas caracterís­ticas individuai­s dos jogadores do Flamengo em relação aos jogadores do Benfica. Se me perguntare­s qual das duas é a melhor, não sei responder, pois uma tem umas coisas melhores e piores do que a outra. Posso dizer que, das duas, a mais solidária, que mais abraçou o treinador,

“NINGUÉM NO MUNDO TRABALHA COMO NÓS. [...] AGORA JÁ TRABALHAM PORQUE ANDAM A COPIAR-NOS”

não tenho dúvida, é a do Flamengo.

Abel Braga, treinador que substituiu no Flamengo, veio a público reclamar parte dos prémios das conquistas. Acha justo?

JJ – Isso é um problema jurídico entre ele e o clube. Não tenho de me manifestar sobre isso.

Dinheiro à parte, Abel Braga também disse que terminou o trabalho que ele começou. É assim tão linear?

JJ – Não quero discutir essas questões. Apenas quero falar da minha vivência como treinador do Flamengo e não sobre os que os outros disseram ou pensaram. tou. Ele é um miúdo, tem 23 anos.

E que jogadores da Liga portuguesa poderiam interessar ao Flamengo?

JJ – Muito poucos. Só os grandes jogadores podem jogar nas grandes equipas do Brasil.

Bruno Guimarães, do At. Paranaense, é alvo do Benfica. É um jogador com qualidade?

JJ – Não vou ser referencia­dor do Bruno Guimarães. Só posso dizer que é um bom jogador.

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