O Benfica no mercado de inverno
Na última década, as investidas do Benfica no mercado de inverno têm dado parcos ou nenhuns resultados. Desde janeiro de 2010, altura em que contratámos, de uma assentada, Éder Luís, Airton e Kardec, à imagem deste trio de brasileiros, a regra tem sido ir buscar reforços que trouxeram poucas ou nenhumas mais-valias à equipa. Com as exceções de Jardel (2011), Grimaldo (2016) e Vlachodimos (2018), mais nenhum jogador contratado em janeiro chegou sequer a contribuir de forma significativa. Convém, contudo, notar que Jardel foi contratado ao Olhanense (ou seja, já estava ambientado ao campeonato português), Grimaldo só começou a jogar, de facto, na temporada seguinte e Vlachodimos só se juntou ao plantel no defeso.
Seria fastidioso elencar o nome de jogadores que chegaram em janeiro sem que deles guardemos qualquer memória vestidos com o manto sagrado. Há um par de casos que se revelaram bons negócios e que acabariam por ter uma carreira (
Jovic e Djaniny), mas os restantes revelam um padrão de fracasso (dos mais recentes Hermes e Pedro Pereira, aos mais distantes Mukhtar, Carole, Fernandez ou Élvis). Para encontrarmos jogadores contratados em janeiro que tenham produzido efeito imediato, temos de recuar a Tiago, contratado ao Sp. Braga em 2003, e a Nuno Assis, que veio do V. Guimarães em 2005.
Sintomaticamente, o ano passado, quando a equipa tinha lacunas, a opção foi fazer subir Ferro e Florentino da equipa B, e dar maior utilização a Félix. Afinal, contratar por contratar, em janeiro, tem-se revelado uma aposta falhada. No entanto, a explicação talvez esteja mais no tipo de contratações do que na ideia de procurar reforços de inverno. Desde logo porque a regra tem sido assinar com jogadores em redor dos 2 M€ e sem grande cartel e quase nunca provenientes do campeonato português.
Olhando para o histórico, nesta janela de mercado, o mais avisado seria, à imagem da temporada transata, não fazer nada. Só que o Benfica precisa de reforços que acrescentem no imediato e, desta feita, não há alternativas claras na equipa B que possam contribuir, já, na principal.
Perante este quadro, o Benfica tem de fazer no mercado de inverno o que nunca tem feito: investir em valores seguros e não em projetos de jogadores (quase sempre condenados a falhar). Não faço ideia se Bruno Guimarães ou Weigl são possibilidades reais, mas o brasileiro e o alemão correspondem ao perfil de jogador que pode produzir impacto na equipa assim que chegar. Jovens com qualidade e potencial e que podem encontrar no Benfica uma plataforma útil para outros voos, para os quais não estão ainda habilitados. Como é sabido, o barato sai caro, e se o Benfica tem contratado muito em janeiro e com poucos ganhos, este ano deve fazer diferente – investir significativamente e com critério.