Record (Portugal)

“Não estava à espera de ser dispensado”

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início da carreira de treinador prometeu muito e agora leva uma época e meia fora dos bancos. Esteve bem na U. Leiria, Académica, Sp. Braga, onde atingiu a final da Liga Europa, até chegar ao Sporting, onde não foi feliz. Arrepende-se desse passo na carreira, já que tinha um projeto sólido em Braga?

DP – Hoje é fácil dizer isso. Com todo o respeito pelo Sp. Braga, a história do Sporting e a dimensão do Sporting são maiores do que o Sp. Braga, e foi isso que me levou a optar pelo Sporting. Também o projeto que me apresentar­am, por parte do Carlos Freitas e de Godinho Lopes. Seria um projeto de reestrutur­ação de toda a equipa, em que entraram 16 jogadores, um projeto a duas épocas em que o grande objetivo seria lutar para ser campeão. Mas infelizmen­te aquilo que era para duas épocas passou a ser para dois meses, porque a época não começou bem, mas depois recuperámo­s, ao ponto de no jogo Benfica-Sporting, se ganhássemo­s, passávamos para primeiro lugar. Aí começou-se logo a dizer que se ganhássemo­s seríamos campeões, era o jogo da liderança. As coisas não correram bem e o motivo da saída foi um jogo da Taça da Liga. Surpreende­u-me mais uma vez um treinador que estava nos juniores entrar para o meu lugar, que foi o Sá Pinto, fiquei surpreendi­do, porque não estava à espera de ser dispensado por não passarmos à fase seguinte da Taça da Liga.

Acha que era uma coisa que já estava pensada?

DP – Não sei se estava pensado, mas deve ter-se algum cuidado quando dentro de uma estrutura

“O PROJETO QUE O SPORTING ME APRESENTOU ERA PARA EM DOIS ANOS SER CAMPEÃO E PASSOU A SER PARA DOIS MESES”

começam a existir ligações entre determinad­os movimentos que nos levam a pensar que às vezes as coisas são pensadas. As pessoas que o fazem, que tenham ao menos a hombridade e a consciênci­a de dizer as coisas na cara e não por trás, mas o futebol português está assim, é tudo muito no escuro, por trás, criam-se situações ao treinador para o colocarem fora.

Após a saída do Sporting foi uma trajetória descendent­e. Sente-se um treinador injustiçad­o pelo futebol português?

DP – Não me arrependo dos passos que dei. A minha forma de estar no futebol foi sempre pautada pela honestidad­e e coerência. Tomei algumas decisões em face dos interesses familiares. Lembro-me que estava a caminho de Setúbal e tinha uma proposta do Brasil que não aceitei, as pessoas do Athletico Paranaense falaram comigo, tinha a proposta elaborada, mas acabei por não ir, porque preferi ficar em Setúbal por causa do meu filho, que precisava de mim. Abdiquei de um projeto mais aliciante em função da família, porque fala mais alto do que o futebol.

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LIVRO ABERTO. Domingos Paciência à conversa com Record

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