Record (Portugal)

“NÃO ACREDITO QUE O SÉRGIO TENHA AGREDIDO”

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Conhece

bem Sérgio Conceição, foi seu colega no FC Porto e na Seleção Nacional. Como é que tem visto o seu trabalho no comando técnico do FC Porto, ao cabo destas duas épocas e meia?

DP – O Sérgio foi o treinador certo para o momento certo que o FC Porto atravessav­a. As pessoas esquecem-se que o Sérgio entrou no FC Porto com os problemas do fair play financeiro, num momento em que não havia jogadores. Recuperou alguns que tinham sido dispensado­s e fez deles campeões. Em condições normais, o FC Porto, se estivesse bem em termos financeiro­s, teria contratado jogadores, e se o fizesse não iria recuperar os emprestado­s. O Sérgio fez um milagre num momento em que o FC Porto mais precisava de ganhar para poder continuar nas competiçõe­s europeias e a lutar pelo título. O Sérgio acaba por ser a imagem do FC Porto – independen­temente de alguns erros que possa cometer, é ele quem dá a cara, quem está à

“O SÉRGIO FEZ UM MILAGRE... ACABA POR SER A IMAGEM DO FC PORTO, É ELE QUEM DÁ A CARA E LIDERA O GRUPO”

frente de uma equipa competitiv­a, a liderar um grupo que ele leva a acreditar que é possível ganhar contra tudo e contra todos. Ele é assim e o FC Porto fez a melhor contrataçã­o dos últimos tempos.

Consegue incutir à equipa aquilo que era como jogador?

DP – O Sérgio jogou sempre nos clubes por onde passou, e se jogou é porque tinha qualidade. Ele não era tecnicista como eu, mas a sua capacidade de trabalho e compromiss­o com a equipa fizeram dele um grande jogador de futebol, fez com que jogasse nos clubes onde jogou. O Sérgio fez uma equipa à sua imagem. O FC Porto é uma equipa irreverent­e, insatisfei­ta, ele é assim e quer a equipa a jogar dessa forma.

Que leitura faz do incidente do túnel do Jamor, em que Sérgio Conceição está envolvido com o treinador do Belenenses SAD? Acredita que possa ter eventualme­nte agredido Pedro Ribeiro, como se tem insinuado?

DP – Estou no mesmo ponto de vista em que está toda a gente que viu de fora, ninguém sabe o que aconteceu. O que posso dizer é que conheço muito bem o Sérgio, tem um coração enorme, é reativo, agora não acredito que possa ter agredido alguém. Não me lembro na minha vida, e já convivi com o Sérgio muitas vezes, mesmo em situações de alguma tensão, de ele ter dado um murro a alguém, nunca o vi a fazer uma coisa dessas.

Um dos elogios que se faz a Sérgio Conceição é o facto de ter devolvido a mística à equipa do FC Porto. Atualmente vê a mística que existia no seu tempo?

DP – A parte que vejo de mística nesta equipa do FC Porto tem a ver com a capacidade de trabalho, sempre nos limites, o Sérgio incute sempre jogar no limites das capacidade­s e exigência física. Se me perguntar se estes jogadores têm a mística do FC Porto? Não nasceram cá, não são portuguese­s, não são da cidade, tudo isso mexe com um jogador que é formado no clube, que vive na sua cidade, sabe as raízes, sabe que as gentes do Norte são pessoas com capacidade de trabalho, pessoas simpáticas e boas.

Nesse sentido, vê com satisfação a entrada de mais jogadores da formação na equipa?

DP - É um sinal positivo. Mas há um único senão, o FC Porto tem de ganhar o campeonato e esse não é um contexto fácil para a entrada de jogadores jovens na equipa. O Fábio Silva e o Baró precisam de competir, jogar com regularida­de, e o Sérgio gostaria de lhes dar mais oportunida­des, mas nesta fase recorre-se muitas vezes aos mais experiente­s.

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