“Vou ser destronado pelo Pizzi ou o Bruno”

Domingos foi o último português a ser o melhor marcador do campeonato, em 1995/96. É um motivo de orgulho ou um lamento pelo facto de mais nenhum português o ter conseguido daí para cá?

DP -Acho que esta época vou ser destronado pelo Pizzi ou pelo Bruno Fernandes, dois médios… O Vinícius está em primeiro, mas acho que vai ser um desses. Como jogador e treinador, tenho perto de 800 jogos. São muitos jogos, é uma carreira de que me orgulho, mas ao mesmo tempo olhando para hoje, se eu e o João Vieira Pinto surgíssemos agora, valeríamos quanto? Tenho orgulho por ter golos nos clássicos, ter sido o melhor marcador do campeonato, fui internacional, joguei nos melhores estádios do Mundo. Como jogador é o que me preenche. O único lamento é o facto de não ter chegado a nenhuma final europeia como jogador, mas isso ficou a dever-se ao facto de me ter cruzado com grandes adversários e históricos do futebol mundial, como o AC Milan, Barcelona, etc. Como ironia, o que não consegui como jogador, fi-lo como treinador, cheguei a uma final europeia, no caso a Liga Europa, pelo Sp. Braga. A minha carreira deu-me tudo.

Se jogasse agora, sente que valeria muitos milhões? Encaixava como uma luva no futebol atual?

DP – Hoje em dia não há muitos jogadores como eu e o João Vieira Pinto, que era aquele que mais se parecia comigo. A facilidade com que eu driblava, no um contra um, no pára/arranca... Na fase inicial da carreira era apelidado de ‘brinca na areia’, esse brinca na areia hoje vale milhões e há poucos. Era um brinca na areia com objetividade, porque fazia golos. Na altura era recriminado, porque achavam que me agarrava muito à bola, mas hoje os que se agarram à bola são idolatrados.

Os tecnicistas são mais protegidos atualmente?

DP – Naquele tempo havia entradas que hoje em dia são impensáveis. Os estádios agora têm câmaras em todo o lado, o jogador está superprotegido, ao mínimo toque é falta. Com as regras atuais, naquela altura não acabava um jogo.