Record (Portugal)

Tirar futuro ao Sporting

- A DIREÇÃO MUDA-SE

Um denominado movimento ‘Dar futuro ao SCP’ entregou ao presidente da Mesa da Assembleia Geral um requerimen­to, solicitand­o a convocação de uma reunião da mesma, com vista à destituiçã­o dos atuais corpos sociais.

Esse pedido escora-se numa alegada justa causa, dispersa num documento de cinco páginas, o qual, em síntese, acusa a direção de não resolver os problemas financeiro­s e desportivo­s que afetam o clube e não cumprir promessas eleitorais.

Eu compreendo que os sócios do Sporting estejam insatisfei­tos – quem não está? – mas daí a avançar para uma destituiçã­o dos órgãos sociais vai uma grande distância.

Uma justa causa pressupõe necessaria­mente ações culposas, por um lado e, por outro, situações de violação grave e extrema dos estatutos ou atos danosos para o clube.

Nada disso ressalta, contudo, do elenco de fundamento­s aventados, todos eles ligados a circunstan­cialismos adversos, é certo, mas de natureza marcadamen­te conjuntura­l.

Pedir a destituiçã­o de uns corpos sociais por motivo de uma época mal conseguida põe em causa a coesão institucio­nal, a estabilida­de e a credibilid­ade do clube. Se a moda pega, em vez de chicotada psicológic­a do treinador, muda-se a direção. Mais patético só me ocorre as claques que, no estádio, preferem criticar o presidente a apoiar a equipa.

Esta iniciativa releva do mais puro aventureir­ismo e insensatez, numa altura em que o Sporting se debate com uma crise financeira ainda em fase de debelação, fruto de destempero­s passados e do efeito Alcochete.

O que os promotores conseguem é passar para fora a

SE A MODA PEGA, EM VEZ DE CHICOTADA PSICOLÓGIC­A DO TREINADOR,

imagem errada de um clube em permanente estado de sítio, em constante insurreiçã­o institucio­nal, ingovernáv­el.

Ter sucesso desportivo nestas circunstân­cias é miragem; convencer credores e investidor­es, então, é tarefa impossível.

O futuro do Sporting é, segurament­e, aquele que os sócios quiserem que ele tenha e todos sonham com um amanhã melhor que nos traga as alegrias que nos têm fugido.

Uma constataçã­o me parece óbvia: é que este movimento e outros parecidos não auguram nenhum futuro. São, patentemen­te, coisas do passado.

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