Record (Portugal)

HELTON LEITE

- PEDRO MORAIS

Helton está de volta a um grande nível depois de uma lesão muito grave. Como avalia este regresso?

HL – Em termos individuai­s, sinto que ainda tenho muito para alcançar. Preciso de continuar o meu caminho, continuar a ter noção dos pontos fortes e dos menos fortes, ter humildade para reconhecer isso e seguir o meu percurso. De maneira geral, a época está a ser positiva, acima de tudo depois de a ter começado sem poder ser convocado e ter voltado de lesão. Demorei oito meses até fazer o meu primeiro jogo depois da lesão, dez para fazer o primeiro jogo na Liga...

Como viveu esses meses de paragem?

HL –Ter recebido a notícia da lesão foi como levar um soco no estômago. Eu choro pouco, mas esse foi provavelme­nte o dia em que mais chorei na vida. Eu estava num bom momento e receber esse golpe foi duro. Mas lembro-me de que disse à minha esposa que esse era o único dia em que ia chorar porque depois não teria tempo para isso. O Pizzi, do nosso departamen­to médico, é especialis­ta na recuperaçã­o desse tipo de lesões e eu e ele trabalhámo­s juntos todos os dias. Fui muito bem tratado por ele, pelo doutor Diogo, pelos outros médicos do departamen­to médico e pelo doutor Alcindo Silva. Todos foram fundamenta­is.

Como trabalhou para agora voltar tão bem?

HL – Os últimos três meses da época passada não foram fáceis. Vi toda a gente a terminar a época e foi como se eu não tivesse terminado. Fui para o Brasil, mas não de férias. Treinei todos os dias, às vezes bidiário, e o meu fi

“QUANDO SOUBE DA LESÃO FOI O DIA EM QUE CHOREI MAIS, MAS DISSE À MINHA ESPOSA QUE SERIA O ÚNICO, POR NÃO TER TEMPO ”

sioterapeu­ta de lá esteve sempre em contacto com os do clube. Regressei de lá dez dias antes do previsto e o Pizzi abriu mão das férias para trabalhar comigo. O quarto e quinto meses foram mais tranquilos, é como se começasse a descer a montanha, mas os primeiros três foram muito duros. Depois o meu mental coach também me ajudou muito para que não ganhasse um trauma. Agora acho que tenho espaço para crescer, até porque ainda não voltei à rotina de jogos da época passada.

Entretanto já foi duas vezes o melhor guarda-redes da Liga.

HL – Foi um grande privilégio ganhar esses prémios, principalm­ente da maneira que foi. Não foi no início do campeonato, foi já a meio. Tem sido uma alegria muito grande tudo isto. Na verdade, fiquei surpreendi­do com os prémios, porque, apesar de achar e saber que trabalho muito para procurar a excelência, não esperava. Fico muito satisfeito e muito agradecido porque tem sido uma alegria muito grande. Ainda para mais depois de um último ano que foi de muito suor e muitas lágrimas.

A nível coletivo, que balanço faz da temporada do Boavista?

HL – Tem sido uma temporada que tem alternado de momentos.

Acredito que fizemos muitas coisas boas, visto que temos muitos momentos bons na época, algumas vitórias marcantes, sequências positivas. Agora não dá para olhar para o futuro, mas dá para ver que fizemos coisas positivas. Infelizmen­te, esses momentos alternaram um bocado com outros menos bons, mas é muito difícil fazer uma análise à temporada porque ainda faltavam dez jornadas. Nas últimas jornadas da época passada vivemos o nosso melhor momento, nesta poderia ou pode acontecer igual.

“EM TERMOS COLETIVOS ACHO QUE TIVEMOS MOMENTOS BONS ESTA ÉPOCA. FIZEMOS COISAS MUITO POSITIVAS”

Como se explicam esses altos e baixos coletivos?

HL – Quando começámos o campeonato, começámos bem, mas depois não conseguimo­s manter. Na verdade, não sei como se justificam estes altos e baixos. Mas agora vínhamos de três resultados negativos e em Tondela, não sendo o resultado que desejávamo­s, conseguimo­s um empate fora. Depois, estávamos com a perspetiva de receber um Moreirense forte e conseguir uma vitória para relançar. Acredito que íamos viver um momento positivo, mas as coisas pararam da maneira que estão

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