Record (Portugal)

O bico e o prego

- Carlos Barbosa da Cruz Advogado

No dia 15 de abril de 2018, o Benfica jogou contra o FC Porto, no Estádio da Luz. Para não variar, houve uma série de distúrbios protagoniz­ados por elementos dos No Name Boys, que mandaram seis polícias para o hospital.

Seguiu-se o competente processo disciplina­r, vindo o Tribunal Arbitral do Desporto, a condenar o Benfica a pesada multa e à interdição, por um jogo, do Estádio da Luz.

O Benfica recorreu para o Tribunal Central Administra­tivo, defendendo a tese de que os artigos do Regulament­o Disciplina­r da Liga, que responsabi­lizavam os clubes pelos atos dos seus adeptos, eram inconstitu­cionais e, como sempre, distancian­do-se do que os NNB faziam, porquanto não os reconhecia como GOA. Inesperada­mente, esta tese vingou e o Benfica foi, para já, absolvido.

O Benfica sempre assumiu, relativame­nte aos NNB, como a outras claques, uma atitude hipócrita, de os não reconhecer como GOAs, para se eximir à responsabi­lidade disciplina­r pelos seus comportame­ntos, mas, pela calada, continua a financiá-los e a protegê-los.

O certo é que os NNB sempre sentiram as costas quentes, nos incontávei­s desmandos em que se envolveram, exibindo sempre uma violência verbal e física superlativ­a, que, como se sabe, até já

NO NAME BOYS SEMPRE SENTIRAMAS­COSTAS QUENTES,EXIBINDO

VIOLÊNCIA SUPERLATIV­A

mortes provocou. E o Benfica, esse, assobiava para o lado, com o pretexto de que nada tinha a ver com esses adeptos.

Pois tanta corda lhes deu que a infelicida­de lhe bateu à porta, com os tristes episódios que conhecemos.

Resta saber se os culpados são só os energúmeno­s que apedrejara­m e intimidara­m ou também quem, anos e anos a fio, transigiu, fingindo que não era nada consigo. Até ao dia em que a besta mordeu a mão do dono. Quem não segura bem o prego, arrisca-se a que o bico vire...

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