“NÃO HÁ DESPORTO MAIS SEGURO DO QUE O GOLFE” MIGUEL FRANCO DE SOUSA
O golfe é uma modalidade com grande impacto direto e indireto na economia portuguesa. Já é possível nesta altura quantificar com detalhe as perdas provocadas pela pandemia?
MIGUEL FRANCO SOUSA – As perdas no nosso sector já são um facto consumado. Recentemente revelámos um estudo da Deloitte que estima que as perdas vão rondar os 700 milhões. Os campos de golfe por todo o país vão perder cerca de 77 por cento e depois há que considerar tudo aquilo que é alavancado pelo golfe: alojamento, restauração, aluguer de carros, voos e tudo mais. As estimativas que fizemos vão andar muito próximas da realidade. Se conseguirmos retomar a atividade do golfe para os turistas na segunda metade do ano, o que ainda é uma incógnita, mas acreditamos que poderemos ter algum turismo de golfe nomeadamente de Inglaterra e Irlanda.
As características da modalidade fazem com que seja possível já nesta fase voltar a praticá-la quase sem limitações. Quanto tempo vai demorar até que se retome uma certa normalidade?
MFS – Nós já estamos numa certa normalidade. Com condicionamentos, medidas de segurança, mas no que diz respeito à prática já se consegue jogar com a maior normalidade. Já se joga próximo do que se fazia antes. Não há prática de nenhuma outra modalidade desportiva tão segura como o golfe. Tem sido jogado desde 4 de maio por milhares de portugueses e estrangeiros residentes com toda a segurança. Não tem havido qualquer episódio preocupante e estamos seguros de que está tudo bem. Os estrangeiros dependerá das fronteiras. Quando os turistas puderem voltar a viajar tranquilamente para o Algarve, as coisas vão normalizar.
Há expectativa de que o verão já seja de alguma retoma? Tem esse feedback da parte dos clubes e hotéis que recebam habitualmente turistas que venham especificamente jogar?
MFS – Temos algumas indicações de que sim, mas não existe uma preocupação da parte dos operadores de turismo no Algarve que permite que a modalidade se mantenha sustentável mesmo em alturas de crise. E essa é uma crítica que tem de ser feita nesta altura.
Com estão os clubes de golfe em Portugal? Tem conhecimento de situações mais complicadas ou de modo geral conseguiram aguentar-se e estão prontos a dar resposta? Calculamos que os problemas não sejam iguais em todos os pontos do País...
MFS – Os clubes que estão a sofrer mais são aqueles que dependem mais de visitantes e turistas. Aqueles que têm estruturas associativas maiores, nomeadamente os que se situam em Lisboa, Porto, Açores e Madeira sofrem menos. No Algarve, os clubes estão a sofrer mais. Nesta altura já teríamos imensos turistas a jogar golfe em condições normais e isso ainda não acontece.
O golfe é uma modalidade individual e não é das mais baratas de se praticar. E fora os golfistas que têm alguns patrocínios, aqueles que estão parados neste momento também não podem competir e ganhar dinheiro. Teme que possa haver jogadores a desistir do sonho de se tornarem profissionais num momento difícil como este?
MFS – Temos estado em contacto com os nosso profissionais e de facto eles só ganham quando competem. Dependem dos ‘prize-money’ e não têm contratos. São esperadas algumas novidades para o mês de setembro relativamente a maior atividade.
O circuito deverá ser reatado em breve vai ser retomado em finais de agosto, no Reino Unido, Portugal, Espanha, mas vai ser uma correria para os profissionais poderem faturar o máximo que puderem.*
“OS CLUBES QUE ESTÃO A SOFRER MAIS DE MOMENTO SÃO AQUELES QUE DEPENDEM MAIS DE VISITANTES E TURISTAS”
Presidente da Federação Portuguesa (FPG) admite enorme impacto da pandemia na modalidade em Portugal, mas lembra que este é um dos melhores desportos para o pós-Covid. Principais provas nacionais ainda de pé