Record (Portugal)

Perder ou estar perdido?

- RUI CALAFATE Octávio Ribeiro Diretor-geral editorial EDUARDO DÂMASO

O PROBLEMA DO BENFICA É QUE CONTINUA VOCACIONAD­O PARA SER A VÍTIMA DA TRAGÉDIA

BRUNO LAGE NÃO PERDEU APENAS CONTRA O SANTA CLARA. O TREINADOR DO BENFICA ESTÁ PERDIDO DESDE DIA 8 DE FEVEREIRO. E CADA VEZ TEM MENOS JOGOS PARA DRIBLAR ESTA LONGA MÁ FASE, ARRANCANDO PARA O SUCESSO

Se olharmos para os pontos ainda em disputa, o Benfica pode perfeitame­nte sagrar-se campeão. Mas poderá de facto?

A maneira como Bruno Lage comunicou,

após a humilhante derrota frente ao Santa Clara, não dá grande motivo de esperança aos benfiquist­as. Que mensagem passou Bruno Lage aos seus jogadores? Falharam em lances simples. Ele não falhou, eles é que falharam. Que imagem ficou de Bruno Lage? A imagem de alguém acossado, a lançar boatos sem concretiza­r, a dizer que o seu lugar é do Benfica – também podia ter dito que a bola é redonda.

Claro que o seu lugar é tanto do Benfica

quanto a bola é redonda. O problema é que a bola fica mais redonda nos pés e na cabeça dos adversário­s do que na posse dos jogadores de Bruno Lage. Uma coisa é perder um jogo, por azar ou demérito, outra, bem mais grave, é estar perdido num emaranha- do de convicções, mesmo que a realidade mostre serem daninhas.

Bruno Lage não perdeu ape- nas contra o Santa Clara.

O treinador do Benfica está per- dido desde dia 8 de fevereiro. E cada vez tem menos jogos para driblar esta longa má fase, arrancando para o sucesso.

Na primeira coluna escrita

logo após o jogo de retoma do FC Porto, com derrota em Famalicão, o título dizia “primeiro golpe de teatro”. Logo no dia se- guinte, o Benfica empatava em casa com o Tondela. A longa pa- ragem competitiv­a, a sequência de jogos, a ausência de público, são fatores que ainda poderão ditar vários golpes de teatro até à última jornada.

O problema deste Benfica de Lage

é que continua vocacionad­o para ser a vítima da tragédia. Tudo corre mal, quando o líder transporta uma nuvem plúmbea sobre a cabeça.

Lage resume os quatro golos sofridos

a “duas carambolas, um canto e um penálti”. Deixemos de lado as alegadas carambolas e o mérito do adversário nestes lances, concentrem­o-nos no canto e no penálti: ambos provam o péssimo trabalho que Bruno Lage anda a consentir nas bolas paradas defensivas. Vamos ao canto: já todas as equipas sabem que, nas bolas paradas laterais, o ouro está no meio da dupla de centrais do Benfica.

Numa defesa à zona,

Rúben Dias e Ferro saltam na vertical, sem ganhar balanço. Os dois centrais defendem em linha, ligeiramen­te à frente da pequena área. Bola colocada tensa no meio deles, para alguém que venha em movimento, vai dar golo. Assim foi em Portimão, assim voltou a ser com o Santa Clara. Quanto ao penálti: numa bola longa de lançamento lateral, o primeiro embate ao primeiro poste não deve ser do central. E Rúben Dias teve um movimento só explicável pela tormenta que toda a equipa vive.

Este Benfica está sem líder.

Dentro do campo e fora dele.

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