Uma crise e um senhor
A derrota frente ao Santa Clara mergulhou o Benfica numa crise adiada. Os resultados do clube da Luz somados aos do FC Porto foram mantendo uma paz podre, que permitiu a Vieira e a Lage irem ver o mar, mas que a goleada portista no dérbi torpedeou por completo. Num ano em que há eleições no Benfica e em que a estrutura encarnada está extremamente atenta ao tema, os desaires desportivos estão a ser ainda mais levados a sério. Para além disso, o descalabro que foi a conferência de imprensa de Lage após o último jogo ditou um fim que foi sendo mitigado pela corrida ao título.
A questão do homem que se segue não é fácil. Vieira tem uma velha predileção por Jorge Jesus. Em seu redor ninguém morre de amores por JJ e são-lhe recomendados homens como Marco Silva. Pelo meio, sonha-se com estrangeiros que nem querem ouvir falar da Liga portuguesa. E o presidente sabe como esta escolha pode ser vital para o próximo sufrágio. Decisões difíceis na Luz. E chega a ser incrível como Lage perdeu já todo o crédito que tinha ganhado após um título que parecia impossível.
Mathieu é um senhor. Um dos grandes centrais que passaram pelo futebol português. E merecia acabar a carreira de outra forma. Não com uma lesão que o afasta numa altura em que estava mais inclinado a parar, mas ainda não estava plenamente decidido. Ninguém merece lesões graves. Muito menos um senhor como o francês. Foi um prazer vê-lo.