Por precaução guardem as taças
çNão sou contra a constituição das sociedades anónimas desportivas e creio mesmo que, para determinados clubes, em especial os de menor dimensão, estas podem ser solução para as suas recorrentes dificuldades financeiras. Sou, isso sim, contra a venda de clubes ao desbarato e a compradores de idoneidade duvidosa, ou contra a sua entrega a gente cujo objetivo é a sua promoção pessoal. E não só…
É fácil aparecer junto dos associados de um clube com uma tonelada de promessas, entre as quais a de que há um livro de cheques, e convencê-los a aceitar a entrega da SAD a essas figurinhas. A esperança de que os cheques tenham provisão e que grandes craques da bola assinem pelo clube sobrepõe-se a qualquer debate mais crítico e a decisões mais racionais. E pouco importa a nacionalidade dos tais ditos investidores: sejam eles chineses, indonésios, americanos ou portugueses, o que importa é que prometeram muito. Se depois cumprem, isso já é outra história. E esta pode até transformar-se em tragédia, como nos recentes casos do Aves e do V. Setúbal, que correm o sério risco de serem afastados das competições profissionais.
Então, há que apelar a um ‘salvador’, como no caso dos sadinos. “O Mourinho é que podia salvar isto”, dizem, como se o Mourinho fosse uma qualquer instituição bancária. Mourinho é um vitoriano, sem dúvida! Ama o Vitória, certamente! Mas, pelo que conheço dele, não acredito que alimente gente que mais não fez do que contribuir para a destruição do clube. Tenho a certeza de que, atualmente, Mourinho nem um único euro entregará ao clube. Mas também estou convencido de que, um dia, poderá vir a comprar a SAD, mas apenas, quando e se for ele e mais ninguém a mandar nela. Até lá…
Até lá, pode ser que encontrem por aí outro chinês que prometa mundos e fundos, como aconteceu com o Aves. Mas – atenção vitorianos! – será melhor antes guardarem em lugar seguro as taças que com tanto brilho já conquistaram.