O (princípio) do fim dos incendiários
çHá cerca de um ano fui responsável por um estudo que revelou que o tom das notícias veiculadas pelos principais meios de comuni- cação portugueses não eram positivas para o futebol nacional e incidiam maioritariamente em temas relacionados com a atualidade desportiva.
“O produto futebol nos media em Portugal” analisou a forma como os principais meios de comunicação nacional acompanham semanalmente temas sobre esta modalidade desportiva, considerando o tempo mediático dedicado ao futebol nacional. O estudo observou o comportamento dos principais media portugueses entre 7 e 13 de janeiro de 2019 – período que não foi marcado por polémicas associadas ao sector desportivo, em geral, e ao futebol, em particular, e em que apenas ocorreu a competição da Liga NOS.
Observámos 30 meios de comunicação social nacionais, selecionados pela audiência, relevância e alcance com que difundem as principais notícias sobre futebol; o estudo fez 1.380 análises a conteúdo de títulos, de capas de jornais, de ‘homepages’ de meios de comunicação digitais e de programas televisivos.
De forma global, o estudo do IPAM concluiu que os temas mais abordados foram de atualidade (31%) e de transfe- rências do mercado de janeiro e os resultados (22%), em comparação com as entrevis- tas a atletas, dirigentes ou treinadores (19%) ou os desta- ques mais polémicos (6%).
Relativamente ao tom adotado pelos media portugueses durante esta cobertura noticiosa, foi, maioritariamente, neutro (68%), mas também negativo (22%), apesar da atualidade desportiva do momento. Apenas 10% dos media revelaram ter uma abordagem positiva a notícias dedicadas ao futebol nacional.
O estudo destacou ainda que são os programas televisivos, exclusivamente dedicados ao futebol, os principais influenciadores do tom negativo gerado à volta deste tema, sobretudo os de alguns canais de cabo, onde o tom foi 49% neutro, 33% negativo e apenas 18% positivo. Os meios com o tom mais positivo sobre o futebol português foram quatro programas: ‘Grande Área’ da RTP 3 com 33%, ‘Aposta Tripla’ da Sport TV com 33%, ‘Tempo Extra’ da SIC Notícias com 24% e ‘Mais Futebol’ da TVI 24 com 20%.
SAÚDO DECISÕES DE SIC E TVI, QUE ACREDITAM PODER CONTRIBUIR PARA A MELHORIA DO AMBIENTE
NO FUTEBOL
Enquanto o tom mais negativo sobre o futebol português foi registado em quatro programas de televisão ‘Pé em Riste’ da CM TV com 59%, ‘Prolongamento’ da TVI 24 com 50%, ‘Livre e Direto’ da TVI 24 com 42% e ‘O Dia Seguinte’ da SIC Notícias com 42%.
Longe de mim diabolizar e culpabilizar os programas de televisão como responsáveis do ambiente de toxicidade no futebol português, mas saúdo a decisão corajosa das direções da SIC e TVI que acreditam poder contribuir para a melhoria do ambiente no futebol português.