O desporto pelos nomes
çA prática do desporto na sua dimensão mais inclusiva conquistou um espaço próprio no seio do ecossistema desportivo, mas também junto do público e da sociedade em geral. A consolidação das condições institucionais, financeiras, técnicas e competitivas do desporto para pessoas com deficiência é, contudo, um processo em curso, e que apresenta desafios apaixonantes, pela forma como clarifica as diferenças que a todos nos separam, mas também como releva o que de mais importante nos une.
A ADAPTAÇÃO NÃO É UM FIM, MAS UM PROCESSO PARA O DESPORTO
A um ano dos Jogos de Tóquio, os valores paralímpicos da ‘Coragem’, ‘Determinação’, ‘Inspiração’ e ‘Igualdade’ continuam poderosamente a orientar milhares de atletas que, em Portugal e no estrangeiro, adiaram, pelos motivos sabidos, a subida ao palco maior do desporto mundial. São valores e palavras fortes, com a ‘gravitas’ associada à superação e agonismo que constituem o cerne do desporto, bem como da vida, onde todos somos iguais. Apesar de diferentes.
Da mesma forma, a superação do preconceito passa, também, pelo uso de palavras e expressões que enformem positivamente o pensamento e a ação, e pela eliminação de outras, inadequadas. Até quando persistirão termos anacrónicos como desporto ‘regular’ (existirão porventura práticas ‘irregulares’)? E a referência às modalidades ‘adaptadas’ (pressupor-se-á que haverá outras, as ‘inadaptadas’)? Tal como no caso de um edifício, ou de um veículo, a adaptação não é um fim em si, mas apenas processo, evolutivo e transitório, para o Desporto passar a ser – isso sim! – inclusivo.