EUA, uma exceção em toda a linha
João Socorro Viegas
O desporto nos EUA constitui, sem sombra de dúvida, um Mundo à parte. Não só pela tremenda organização mas também pelo espírito crítico dos profissionais das principais modalidades. O boicote aos jogos promovido pelos Milwaukee Bucks na NBA, com efeito ‘bola de neve’ nas restantes ligas, prova isso mesmo.
Os Estados Unidos são hoje um país altamente extremado. O repugnante discurso do ‘nós contra eles’ dentro da própria casa, promovido por Donald Trump, acentuou divisões internas e o racismo latente. O facto é este: hoje, tal como nos séculos passados, mata-se com base na cor da pele. E os jogadores norte-americanos disseram basta.
Há quem diga que este não é o papel dos desportistas. Que deveriam limitar-se a desempenhar os seus papéis em campo. Mas os EUA são, para o bem e para o mal, uma exceção. É que muito dificilmente veríamos um boicote desta magnitude noutro canto do Mundo. Inclusivamente na Europa, onde por vezes impera uma certa superioridade moral relativamente ao outro lado do Atlântico....
Os principais craques têm hoje um alcance e um impacto inéditos. São verdadeiros influenciadores e a sua palavra conta. Mais do que a de muitos que se julgam donos e senhores da razão. E esse seu estatuto dá-lhes a possibilidade de poderem fazer a diferença. Todos adoramos ver a bola a rolar mas há coisas mais importantes. E às vezes é preciso um abanão para mudar.
BOICOTE MOSTROU IMPORTÂNCIA QUE OS ATLETAS PODEM TER NA MUDANÇA