Record (Portugal)

Montra de ‘shopping’ às moscas

O CAMPEONATO ACABOU HÁ MAIS DE UM MÊS E NEM A MAGIA DE JORGE MENDES CONSEGUIU CUMPRIR AS PROMESSAS DE MILHÕES QUE SE REVELAM VAZIAS. MESMO ASSIM OS GRANDES INSISTEM EM COMPRAR

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A edição 2019/20 da 1.ª Liga terminou a 26 de julho. Hoje estamos a 30 de agosto e o caro leitor pode confirmar na página 18 que, mais de um mês depois desse ponto final que ainda antecedeu a decisão da Taça de Portugal, a única transferên­cia conseguida por um dos três grandes coube ao Benfica, mas na colocação do guarda-redes Zlobin em Famalicão. O FC Porto encontra-se a zero no que toca a encaixes com saídas e o Sporting, apesar das promessas em relação a Acuña e Palhinha, entre outros, também ainda não carimbou qualquer receita significat­iva nesse capítulo. E antes que surja a crítica fácil, se Luís Filipe Vieira optou por não aceder a algumas propostas que têm sido noticiadas

SÓ O FAMALICÃO DE MIGUEL RIBEIRO E O RIO AVE DE SILVA CAMPOS SORRIEM NESTE DEFESO

foi porque as mesmas não atingiam os patamares mínimos exigidos pela SAD para considerar justificad­a a libertação de um ativo. Trocado por miúdos, se Carlos Vinícius vale 100 milhões, recusar múltiplas propostas de 60 milhões só confirma que o mercado não atribui ao melhor marcador da 1.ª Liga mais do que 60% do valor que as águias entendem que o brasileiro possui. Um efeito grave que está a alastrar.

O defeso tem sido tão anormal que nem o facto de o superagent­e Jorge Mendes estar envolvido de corpo e alma na luta para injetar milhões de euros nos cofres de Benfica, FC Porto e Sporting tem dado resultados palpáveis. A última grande venda foi mesmo impression­ante, estamos a falar de Trincão no Barcelona, mas a sua oficializa­ção ocorreu a 31 de janeiro, dois dias depois de Bruno Fernandes ter ficado certo no Man. United, quando a pandemia ainda parecia um problema distante, confinado à China, e que mal entrava nos ciclos noticiosos. Mesmo assim, temos uma águia com tremenda voracidade compradora para dar armas a Jorge Jesus ; o FC Porto a rapar o fundo do tacho, sem comprar no estrangeir­o, para Sérgio Conceição não desesperar e o Sporting a esticar os meios que chegaram de Old Trafford para ir ganhando duelos nacionais por reforços como Pote e Nuno Santos.

No meio deste cenário de risco que envolve as SAD que se digladiam no topo da tabela, quem sorri é a classe média. O Famalicão fez um grande negócio com Pote, sobretudo por manter metade do passe e estar à espreita de aumentar futurament­e os lucros. Mas quem também já resolveu a sua época foi o Rio Ave de Silva Campos que, tendo conquistad­o o regresso à Liga Europa, já garantiu mais um exercício lucrativo em 2020/21. Com Nuno Santos e Taremi os vila-condenses forram os cofres com oito milhões de euros e asseguram o contributo desportivo de Gelson Dala, Francisco Geraldes, Carlos Mané e André Pereira, todos eles jogadores que ainda poderão dar retorno financeiro. A crise não parou nos Arcos.

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