“É bom para o futebol português ter o Jesus de volta”
ç Que opinião tem acerca do regresso de Jorge Jesus a Portugal para treinar o Benfica?
PM – É bom para o futebol português ter o Jorge Jesus de volta. O estrangeiro também perde o Jorge Jesus e, por isso, é bom para o nosso campeonato, que também terá, certamente, mais visibilidade. É algo que o Jorge também conseguiu, fruto do trabalho que fez no Brasil ao serviço do Flamengo. Vamos ter mais gente a olhar para o futebol português de outra forma, tenho a certeza. Mas espero, acima de tudo, que o nosso futebol cresça, pois perdeu qualidade nos últimos anos fruto de sucessivas vendas dos melhores jogadores. Mas penso que na próxima temporada o campeonato poderá ser mais competitivo e com jogos de maior qualidade.
+ Vê os clubes portugueses com essa capacidade para segurar os jovens talentos?
PM – Penso que FC Porto, Benfica e Sporting vão segurar grande parte dos jogadores. As melhores equipas vão manter a base da última época e até melhorar os planteis. Também vejo o V. Guimarães a fazer um bom trabalho e a contratar bons jogadores, por exemplo. Penso que vamos dar um salto qualitativo e espero estar certo quanto a isso. Há dois ou três anos já dizia isto. O nosso campeonato é competitivo, mas em termos de qualidade do jogo creio que na última temporada ficou muito aquém do que era habitual.
+ Fora da esfera dos três grandes houve alguma equipa que o tenha surpreendido?
PM – O Famalicão, por exemplo, recém-promovido, com jovens jogadores de grande qualidade. Muitos estavam em grandes projetos no estrangeiro. Houve um trabalho muito bem conseguido e o Famalicão formou um bom plantel. Teve à frente o Miguel Ribeiro, que tem um conhecimento muito profundo do futebol português e conseguiu construir uma equipa com muita qualidade.
+ Além dos jovens que estão a chegar, regressaram ao nosso campeonato outras caras conhecidas, como Gaitán ou Javi García. Acredita que a qualidade aumentará também por aí?
PM – Em Portugal nunca se olha para um projeto na sua plenitude. Falou-me de dois nomes que dispensam apresentações e que dariam qualidade a qualquer campeonato onde jogassem. É melhor que seja em Portugal porque assim o nosso campeonato vai ficar mais rico. Mas o Boavista, há uns anos, por dificuldades financeiras ou de tesouraria, apostou muito nos jovens e conseguiu manter-se na 1ª Liga. No Marítimo também havia um projeto muito bem definido e quando saí as coisas mudaram e o Marítimo deixou de ser um clube formador para avançar para outro projeto. Esse projeto era do presidente Carlos Pereira e conseguimos colocá-lo em marcha com resultados fantásticos. Os projetos também mudam. Em Portugal não vemos um como o do Ajax. Vimos algumas réplicas que rapidamente foram abandonadas. Não vou falar em nomes de clubes, mas num passado muito recente houve um que tinha um projeto muito vincado e que, por força dos resultados, ou por falta deles, alterou tudo.
+ Houve algum jogador que o tenha surpreendido particularmente esta época em Portugal?
PM – Marcus Edwards. É um jogador muito forte no um para um. Gosto de extremos assim, que arrisquem e que não tenham receio. Foi uma agradável surpresa, não estava à espera. Foi a grande revelação do futebol português. Se estivesse no FC Porto, no Benfica ou no Sporting creio que a visibilidade dele teria sido noutro sentido. Independentemente da idade, quando há qualidade...
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“O NOSSO CAMPEONATO É COMPETITIVO MAS EM TERMOS DE QUALIDADE DE JOGO ESTE ANO FICOU MUITO AQUÉM...”