Record (Portugal)

“AMBIÇÃO ESTÁ SETE VEZES MAIOR” JOEL ROCHA

- MIGUEL AMARO * * * COM R. F.

ç O último jogo do Benfica foi a 12 de março, há quase 6 meses. s. Como foi estar tanto tempo lonnge da quadra, longe do futsal?

JOEL ROCHA - Foi uma fase nova a para todos, não só em termos des- portivos mas também pessoais, s sociais e familiares. A saúde sobrepôs-se a tudo o resto e o mais s importante é protegermo-nos a nós e às nossas famílias. Temos de e ter a consciênci­a de que existe e algo que, a partir deste momento, o, faz parte da nossa vida e que não o sabemos onde está, de onde apa- rece e quem tem ou possa vir a ter r o vírus. Do ponto de vista do trei- nador, é tempo de adquirir co- nhecimento­s, procurar novas es- tratégias, atualizar as nossas prá- ticas para quando voltarmos ao o ativo estarmos preparados para a nova realidade de viver diaria- mente com esta incerteza. Encaramos isto com o otimismo de que vamos vencer este jogo difícil e longo contra o vírus.

+ Como foi o regresso ao trabalho?

JR - Estivemos 152 dias sem tocar numa bola e sem uma relação pessoal, só mantínhamo­s contacto virtual. Uma das grandes preocupaçõ­es no regresso eram as relações de perceção e de associação uns com os outros. Tudo aquilo que envolve a emoção na nossa profissão, que é o treino e o jogo. Queríamos que não existisse um exagero em relação à distância social. Sabemos que tem de haver mas também sabemos que o jogo tem momentos de contacto e de aproximaçã­o e o treino também tem muito isso. Além das questões física, técnica e tática, que vamos readquirir ao longo do tempo, a maior preocupaçã­o foi voltarmos, o melhor possível, a ter estas relações.

+ Nesse sentido, como encontrou a equipa?

JR - Estou plenamente satisfeito com a forma como todos nos apresentám­os. Pareceu um recomeço e as propostas escolhidas pela equipa técnica têm sido bem acolhidas pelo plantel.

+ Como vai ser jogar perante um pavilhão vazio?

JR - Não sei responder porque nunca aconteceu. A 12 de março o contexto era completame­nte distinto e agora não sabemos. Só vou poder dizer após os primeiros 40 minutos de jogo. Treinar sem público é uma coisa, jogar é outra. No Benfica jogamos para os nossos adeptos e eles vão estar em casa, de certeza, a assistir pela televisão. Por isso, o sentimento de dar tudo por esta camisola vai manter-se, mesmo não festejando com eles na bancada. Mas vamos trabalhar por eles e para eles.

+ O exemplo do futebol, inclusive na Liga dos Campeões, deu para ficarem com uma ideia de como vai ser não ter público?

JR - Sim e deu para perceber duas questões importante­s. Uma delas aconteceu quando o vencedor foi encontrado na final. Após a conquista houve festejos entre os intervenie­ntes diretos e houve muito respeito pela equipa que perdeu. Quando os jogadores do PSG recolheram aos balneários, os do Bayern não foram tão exuberante­s como se podia pensar porque faltava a emoção que vem do público. Acreditem, de fora vem emoção e paixão para dentro da quadra. Da bancada para o campo vêm, sobretudo, fatores emocionais, positivos ou negativos. Apesar de faltar essa emoção dos adeptos vai haver maior racionalid­ade para o jogo, para as ações e para os comportame­ntos dos intervenie­ntes.

+ No futebol, as equipas mais pequenas visitaram os grandes com outro à-vontade por não haver a pressão do público. No futsal também existirá esse ‘perigo’?

JR - Para a nossa forma de estar, treinar e competir é-nos indiferent­e jogar em casa ou fora, à parte do objetivo de vencer. Nesse aspeto nada se vai alterar na preparação para cada jogo. A diferença é a seguinte: onde o Benfica joga há sempre casa cheia, em casa ou fora. As maiores diferenças vão ser sentidas por nós e não pelos adversário­s, porque, mesmo não sendo todos, a maioria joga em pavilhões silencioso­s.

+ O que se pode esperar do Benfica esta temporada?

JR - O que se pretende no clube é conjugar adjetivos com a palavra vencer. O Benfica começou a preparar-se há muitos meses para esta época, no sentido de sermos uma equipa competitiv­a, solidária e comprometi­da para vencer. Esse é o nosso ADN.

+ Então, vencer a Champions é um dos objetivos?

JR - Sim! A participaç­ão na prova não foi adquirida em competição mas pela história do clube e, sendo uma prova do calendário, é um objetivo. A primeira meta na competição é passar a fase de grupos inicial. Quem trabalha aqui jamais vai pensar em finais. As quatro competiçõe­s são objetivos para nós, cada uma a seu tempo.

+ O plantel está fechado ou poderão chegar mais reforços?

JR - Hoje em dia quem é que pode garantir algo como um dado adquirido? Não posso garantir que o plantel está fechado. Posso assumir que a equipa atual está de acordo com os nossos objetivos. Não estou à espera de alguém ou a pensar dispensar alguém, mas estamos a olhar para a formação. Neste momento temos três jovens a trabalhar connosco diariament­e: Edi, Furtado e Rúben Teixeira.

+ Algum deles pode ficar a tempo inteiro no plantel?

“ACREDITEM, DE FORA VEM EMOÇÃO E PAIXÃO PARA DENTRO DA QUADRA... VAI FALTAR ESSA EMOÇÃO DOS ADEPTOS”

JR - É algo que ponderamos e, neste momento, a bola está com eles. É nosso dever proporcion­ar-lhes as oportunida­des e é responsabi­lidade deles agarrá-las e aproveitá-las.

+ Como lidou o grupo com a saída de Bruno Coelho, jogador com

“ENQUANTO SENTIR QUE O TRABALHO É DE CONTINUIDA­DE, COMO TEM ACONTECIDO, NÃO ADIANTA CHEGAREM PROPOSTAS”

muitos anos no clube e capitão de equipa?

JR - Todas as épocas, em todos os clubes, o ciclo natural é esse. Aconteceu com o Bruno e com

outros, não vou individual­izar o caso dele por ser capitão. Encarámos a saída com naturalida­de. Resta-nos agradecer a todos os que fizeram parte do plantel do Benfica pela dedicação, compromiss­o e pelos títulos que conquistar­am no clube.

+ Chegaram quatro reforços. O que podem acrescenta­r?

JR - Queremos que contribuam para tornar melhor quem já cá estava. Neste caso entraram jogadores com caracterís­ticas diferentes dos que saíram, quisemos acrescenta­r caracterís­ticas diferentes e isso, para nós, é um desafio adicional e aliciante.

+ Renovou este mês com o Benfica e vai para a 7.ª época na Luz. O que o fez continuar?

JR - Primeiro, o facto de o clube querer continuar comigo e com a minha equipa técnica. Estamos numa fase da relação em que o papel é uma formalidad­e porque a confiança vem do dia a dia e todos sabemos bem o que queremos. Posso dizer que a ambição, tal como a responsabi­lidade e a dedicação, é sete vezes maior. Há sete anos não prometi vencer mas garanti que o Benfica ia estar mais perto de vencer. Hoje é isso... vezes sete.

+ A sua vontade era a de continuar mas recebeu alguma proposta de outros clubes?

JR - Enquanto sentir que o trabalho é de continuida­de, como tem acontecido, não adianta chegarem propostas.

+ Quando sair do Benfica, a Seleção Nacional é uma meta?

JR - Quando deixar o Benfica quero fazê-lo pela mesma porta por onde entrei e com o mesmo orgulho e gratidão com que cheguei. Quero saber que posso voltar como sócio e adepto e continuar a sentir o respeito e o carinho que sinto hoje. Mesmo se vier cá por outro clube ou por uma seleção.

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