Record (Portugal)

Quebrar barreiras

Se Kathleen Krüger assume protagonis­mo no Bayern, não faltam exemplos de mulheres que se destacam num meio marcadamen­te masculino

- JOSÉ ANGÉLICO

O panorama tem vindo a mudar ao longo dos anos, mas o futebol profission­al é ainda um meio marcadamen­te masculino. Os clubes e as federações apostam cada vez mais no futebol feminino – Portugal é um bom exemplo disso – e já há muitas mulheres que podem dedicar-se a tempo inteiro à modalidade. Porém, continua a ser mais difícil encontrar quem quebre a barreira do género e se imponha entre os homens. É o caso de Kathleen Krüger no Bayern, como explicamos nas páginas anteriores, mas existem outras mulheres de armas que têm feito história, sobretudo nos tempos mais recentes, de entre as quais se destacam vários nomes de peso.

No topo da hierarquia temos de colocar a atual secretária-geral da FIFA, organismo máximo do futebol mundial. Fatma Samoura não tinha uma ligação muito próxima com a modalidade mas acabou por ser escolhida por Gianni Infantino, no Congresso da FIFA de 2016, para um cargo de enorme importânci­a. A diplomata senegalesa, de 57 anos, esteve mais de duas décadas ao serviço da ONU, organismo para o qual entrou em 1995 como colaborado­ra do Programa Alimentar Mundial. Tornou-se depois diretora e trabalhou em inúmeras situações de emergência, um pouco por todo o Mundo, do Kosovo à Nicarágua, passando pela Libéria ou Timor-Leste. É fluente em inglês, francês, italiano e espanhol e a ‘Forbes’ considerou-a a mulher mais poderosa do mundo desportivo em 2018. Quando Roman Abramovich comprou o Chelsea, em 2003, Marina seguiu com ele para o clube londrino, como conselheir­a. Com o passar dos anos foi ganhando influência e, agora, a maior parte das decisões sobre a equipa são dela, até porque o milionário russo tem primado pela ausência. Conseguiu levar o clube de volta aos êxitos depois de um período complicado e é, claramente, uma das mulheres mais poderosas do futebol na atualidade. Depois da pioneira Teresa Rivero (entre

1994 e 2011 foi presidente do Rayo Vallecano, que era propriedad­e do... marido), Amaia Gorostiza assume agora esse legado no Eibar. Entrou no clube como conselheir­a e sucedeu a Alex Aranzabal na liderança após a demissão deste em 2016. Um ano depois foi eleita para um mandato de cinco anos e consolidou a turma basca na liga espanhola.

Começou no marketing e, graças à ligação com o magnata David Sullivan, passou pelo jornalismo, antes de se tornar diretora do Birmingham City, detido por Sullivan, em 1993. Depois de este ter vendido o clube, em 2009, a parceria refez-se no West Ham, agora como vice-presidente. Entrou ainda na política e faz parte do parlamento britânico.

Ganhou as eleições para a liderança da Federação do Burundi

(FFB) aos 37 anos. Então, geria uma empresa do ramo automóvel, embora já tivesse ligações ao futebol como dirigente. Em quase uma década no cargo, revolucion­ou a FFB, antes de voltar a fazer história ao ser requisitad­a para o Conselho da FIFA, onde se mantém. Integra igualmente o Comité Olímpico Internacio­nal.

Formada em Direito, está há muito ligada ao futebol, como sócia do Leixões ou intervindo como advogada em vários processos. Integrou o Conselho de Justiça da Associação do Porto e, em 2011, fez parte da lista (derrotada) de Carlos Marta nas eleições para a FPF. É diretora executiva da Liga desde 2016, tendo papel crucial no organismo liderado por Pedro Proença.

É uma das poucas mulheres que se podem dedicar a tempo inteiro à arbitragem, na qual se iniciou aos 19 anos. Em 2011 já dirigia jogos do 3.º escalão francês (masculino) e está no quadro de árbitros da Ligue 1 desde 2019, ano em que fez história ao apitar a Supertaça europeia.

O Clermont Foot, da Ligue 2, surpreende­u em 2014 ao anunciar Helena Costa como treinadora. A portuguesa renunciou ao cargo antes da pré-época e seria a francesa a liderar a equipa durante três anos (em 2015/16 levou-a ao 7.º lugar), rumando depois à seleção feminina.

Em 2014, pouco depois de Peter Lim ter assumido o controlo do Valencia, Lay Hoon tornou-se, de forma surpreende­nte, a presidente do clube che. A época terminou com um 4.º lugar, mas tudo se desmoronou após a demissão de Nuno Espírito Santo e, em 2017, a sua ligação ao futebol ficou para trás.

Apesar de trabalhar agora no sector feminino, na Federação chinesa, a ainda jovem treinadora destacou-se em 2015 ao assumir o comando do Eastern SC, do principal escalão de Hong Kong, pouco depois de terminar a carreira de jogadora. E não se ficou por aí, pois levou a equipa ao título em 2015/16, sendo eleita como treinador(a) do ano em Hong Kong. Depois, orientou o clube na Champions asiática de 2017, frente ao Guangzhou Evergrande, de Luiz Felipe Scolari.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal