Passagem de testemunho

Atleta do Sporting iniciou recentemente um projeto para orientar atletas de pelotão

Estamos habituados a vê-la correr no pelotão da frente, a lutar por vitórias, mas o que poucos sabem é que Jessica Augusto é também treinadora de atletas de pelotão. A aventura começou recentemente, ainda é um “bebé” e por agora apenas é direcionada a amigos e conhecidos – sem cobrar qualquer verba –, mas, até ver, tudo corre de forma positiva. A

Record, a atleta do Sporting, de 38 anos, assume que a tarefa é de responsabilidade, mas confessa que ajudar os outros a evoluir com base nos seus conhecimentos a motiva e “dá pica”. Na verdade, Jessica já ajuda amigos a correr há cerca de quatro anos, mas só recentemente decidiu iniciar o seu projeto, que tenciona tornar algo ‘sério’ com o passar do tempo. Por agora é uma “espécie de estágio não remunerado” já de olho no pós-atletismo. “Tenho de preparar a minha despedida, que isto do atletismo de elite não é para sempre. Aos poucos estou a criar o meu projeto, estou a fazer as coisas com calma, até porque ainda sou atleta e tenho objetivos, tanto a curto como a longo prazo. Ainda não é sério, é um projeto bebé e estou só a usar a minha experiência de atleta. Para já é para apalpar terreno, explorar e aprender com eles”, explica-nos a atleta leonina, que de momento orienta 12 pessoas. O número é reduzido – com atletas entre os 38 e os 56 anos –, mas Jessica Augusto deixa claro que por agora é assim que deve estar. “Poderia criar um produto e vender o mesmo plano para todos, mas não. Estou a ouvi-los, a criar um plano adaptado a cada um. Até porque tenho todo o tipo de atletas, desde os que se levantaram do sofá e querem correr, aos que correm há muito. A minha intenção é não errar e saber motivar a pessoa. Tem resultado, tem sido desafiante, mas tem sido bom, porque as pessoas ficam gratas e felizes”, frisa.

Apoiada neste projeto pela parceria que tem com a também atleta de elite Telma Santos – a qual a ajuda nos treinos de reforços -, Jessica Augusto tenciona no futuro obter várias formações na área, de forma a poder começar a pensar definitivamente na “outra vida após o atletismo”. Enquanto isso, vai aprendendo com os atletas que treina, fazendo uso dos ensinamentos que teve dos treinadores com quem trabalhou ao longo da carreira. “Está a ser muito gratificante. Não é com atletas de topo, mas são atletas cujas vitórias são as minhas”, assume.

Um sonho para cumprir

No plano profissional, a atleta orientada por João Campos assume que ainda há muito pela frente e um sonho já conhecido para cumprir: acabar a carreira nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Até lá, o objetivo passa por preparar-se da melhor forma para o que aí vem, a começar pelos Mundiais da Meia-Maratona, marcados para outubro, na Polónia. Sem competir desde janeiro (a última prova foram os Nacionais de estrada), assume que o regresso aos treinos (depois de uma lesão) está a ser complicado, mas confia que será capaz de voltar ao seu melhor. O problema é mesmo esta fase inicial, onde as dores são… imensas. “Esta semana fiz treinos bidiários todos os dias e agora estou que nem posso! Parece que não me treinava há meio ano! Estou com aquelas dores musculares... Dói muito! Nesta altura só penso: ‘Queria ter 20 anos para não custar tanto’... Mas com 38 sei que só daqui a um mês é que vou sair e pensar que já estou no meu caminho. Até lá vou penar um bocadinho, mas faz parte”, conclui, entre risos.

IDEIA PASSA POR CRIAR BASES PARA ASSUMIR ESTA VIA QUANDO A SUA CARREIRA DE ATLETA DE ELITE TERMINAR