DITO TRAÍDO PELO CORAÇÃO
Antigo central e internacional português desapareceu ontem, aos 58 anos
Partiu ontem, aos 58 anos, vítima de um episódio cardíaco, Eduardo José Gomes Camesselle Mendez, que o mundo do futebol consagrou como Dito. O antigo defesa-central, que representou entre outros emblemas Sp. Braga, Benfica e FC Porto, além da Seleção Nacional, faleceu durante a manhã, integrado no estágio de pré-época que o Gil Vicente, do qual era diretor-geral para o futebol, estava a realizar em Melgaço. Depois de sinalizar uma indisposição junto do departamento médico dos gilistas ainda antes do treino da equipa, foi assistido e prontamente transportado ao Hospital de Monção, sem que os esforços tenham surtido efeito.
Na memória de todos os que com ele conviveram ao longo de uma vida intimamente ligada ao futebol ficará a sua personalidade afável e o largo sorriso sempre pronto. Forma de estar que manteve até ao fim da sua vida, atualmente na gestão do futebol do Gil Vicente.
ASSISTIDO PELA EQUIPA MÉDICA DO GIL VICENTE APÓS SINALIZAR INDISPOSIÇÃO, FOI LEVADO PARA O HOSPITAL, MAS NÃO RESISTIU
Para a história fica uma carreira que começou precisamente em Barcelos e mudou-se num ápice para o Sp. Braga. “Chamavam-me maluco... A verdade é que estava muito agarrado à família e aos amigos e nunca fui louco por dinheiro”, confidenciou na sua última entrevista, em julho, à revista ‘Sábado’, a propósito das consecutivas negas dadas aos três grandes e ao Vasco da Gama, do Brasil, quando era arsenalista. Foi já como jogador do Benfica que viveu os momentos mais altos da sua carreira, conquistando o título e a Taça de Portugal de 1986/87 e disputando a final da Taça dos Campeões Europeus na época seguinte. Mudou-se inesperada e polemicamente para o FC Porto, na companhia de Rui Águas, durante o verão seguinte, muito por culpa do amigo Quinito. Pela
Seleção Nacional, marcou o único golo da primeira vitória de sempre do nosso país sobre a Alemanha Ocidental (RFA), a 23 de fevereiro de 1983. Um livre direto a 25 metros da baliza. “Enganei-me e marquei um grande golo ao Schumacher...”, comentou, no seu jeito sempre bem-humorado, a Record, em abril deste ano.