Record (Portugal)

Os mitos de Diana e o dedo de Ronaldo

- Gaspar Ferreira Ordem dos Psicólogos Portuguese­s

çUma infeção num dedo do pé de Cristiano impediu-o de jogar. A precaução visou uma evolução mais positiva da doença neste atleta ímpar. Há, ao mesmo tempo, uma controvérs­ia instalada entre a DGS e as federações desportiva­s que se veem a braços com os custos das exigências de testagem para prevenir a propagação de um vírus contagioso.

Diana Brito não cura infeções. É psicóloga e realizou o seu estágio profission­alizante num conhecido clube do Norte. Deparou-se inicialmen­te com a falta de tradição na integração de um psicólogo na formação pois a pergunta mais recorrente era: “O que faz um psicólogo no contexto desportivo?”. Sucediam-se também os típicos preconceit­os de que estaria lá para avaliar tudo e todos, que seria um detetor de mentiras, e que estava ali para ajudar “malucos” ou apenas quem tinha problemas psicológic­os.

Com ajuda do seu orientador, o psicólogo Pedro Assis, criou a iniciativa ‘Mitos e Verdades’ da Psicologia. Utilizou as redes sociais para esclarecer as dúvidas e preconceit­os de pais, adeptos e staff e promoveu comportame­ntos socialment­e mais desejáveis. Procurou que compreende­ssem o seu trabalho para que lhe fosse mais fácil ajudar os atletas, pois ainda há quem evite pedir ajuda com medo do estigma. Ao normalizar o trabalho da psicologia pôde prevenir situações indesejada­s, e não receber casos já em estado mais avançado.

Neste momento, concluído o estágio num clube que se vê confrontad­o com as dificuldad­es financeira­s e a incerteza, procura/espera um enquadrame­nto mais favorável para poder prosseguir a sua vida. A falta de recursos para aplicar as normas da DGS pode ditar o encerramen­to de vários clubes e associaçõe­s.

O desporto tem benefícios sobejament­e conhecidos por todos. O dilema é saber se estes benefícios superam os riscos de uma retoma desportiva descontrol­ada.

Ayn Rand dizia que “uma maioria não tem o direito de votar sobre os direitos individuai­s de nenhuma minoria”. Se o estado, ou seja todos nós, quer(emos) um desporto federado, universal e acessível deve(mos), nesta circunstân­cia especial, garantir a cobertura das despesas necessária­s para que a testagem que garante a prevenção da propagação da doença seja feita de forma adequada.

O DILEMA É SABER

SE OS BENEFÍCIOS DO DESPORTO SUPERAM OS RISCOS DE UMA RETOMA DESCONTROL­ADA

A saúde física e psicológic­a dos atletas em diferentes modalidade­s e escalões etários tem de ser garantida. Os profission­ais e os amantes do desporto devem reassumir os seus espaços próprios, convivendo responsave­lmente com esta infeção.

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