Record (Portugal)

Recordes em catadupa

Com um calendário bem menos preenchido, atletas de elite registam marcas impression­antes

- FÁBIO LIMA

2020 está definitiva­mente a ser um ano estranho. Com o calendário competitiv­o totalmente virado do avesso, com grande parte das provas a serem canceladas ou adiadas, os atletas souberam adaptar-se às circunstân­cias e, de forma surpreende­nte, os recordes começaram a surgir em catadupa. Depois de Joshua Cheptegei ter espantado o Mundo com o máximo dos 5.000 metros, este fim de semana houve mais história a ser escrita, com a queda de quatro máximos históricos.

O mais impression­ante deles foi obtido pelo britânico Mo Farah, que no regresso às provas de pista, três anos depois, ‘liquidou’ o último recorde mundial de Haile Gebrselass­ie, o da hora em pista, alcançado há 13 anos. Fê-lo em Bruxelas, completand­o 21.330 metros às voltas numa pista com os 400 metros regulament­ares (ao todo fez mais 53 voltas!). Acrescento­u mais 45 metros em relação ao registo anterior, acabando bem ao seu jeito: com um ‘kick’ demolidor, que deixou para trás o único rival que lhe restava, o companheir­o de equipa Bashir Abdi, que mesmo assim não saiu de mãos a abanar. É que, provavelme­nte sem se aperceber, o belga foi o primeiro a passar a barreira dos 20.000 metros – em 56:20 –, pelo que levou também para casa outro máximo que pertencia a Haile. Momentos antes também tinha sido escrita história na hora hora, mas neste caso com um recorde algo menos ‘difícil’. A autora foi Sifan Hassan, que pulverizou a anterior marca em mais de 400 metros (passou de 18.517 para 18.930 metros). Na prática, a holandesa deu mais uma volta do que Dire Tune (um registo de 2008), utilizando para fechar em beleza a mesma ‘receita’ de Mo Farah. Um sprint demolidor, que deixou Brigid Kosgei ‘pregada’ ao tartan tartan. A queniana, recordista mundial da maratona, aguentou até ao minuto final, altura em que Sifan ligou o turbo e disparou para a vitória. E não bastasse a ‘azia’ que denotou no final, Kosgei acabaria mesmo por ser desclassif­icada, por ter pisado a zona externa da pista.

Praga viu mais história

Ainda mal recuperado­s daquilo que sucedera em Bruxelas Bruxelas, os fãs do atletismo tiveram uma derradeira surpresa na madrugada de sábado, com a obtenção de mais um recorde mundial, neste caso da meia-maratona feminina (numa prova apenas com mulheres). Obtido num evento privado realizado pela Run Czech em parceria com a Adidas (serviu para apresentar oficialmen­te em prova as sapatilhas Adizero Pro), o recorde foi obtido pela queniana Peres Jepchirchi­r, que praticamen­te sempre a solo conseguiu baixar o máximo às 1:05:34 horas, o que representa uma melhoria de 37 segundos em relação ao anterior máximo, fixado em 2018 por Netsanet Gudeta (1:06:11). Foram quatro recordes em pouco mais de 12 horas, que servem para mostrar que, pelo menos lá fora, o atletismo está bem vivo.

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MO FARAH E SIFAN HASSAN BATERAM OS MÁXIMOS DA HORA MAS HOUVE MAIS REGISTOS NOTÁVEIS NOS ÚLTIMOS DIAS

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INSPIRADOS. O britânico Mo Farah voltou à pista para ‘roubar’ o último recorde de Haile Gebrselass­ie, pouco depois de a holandesa Sifan Hassan também ter brilhado

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