O render da guarda
ç O render da guarda em frente ao Palácio de Buckingham é das atrações turísticas mais procuradas em Londres. No futebol, o ‘render da guarda’ no ataque de qualquer equipa é o que suscita sempre mais curiosidade nos adeptos.
O FC Porto está a fazer uma autêntica renovação no seu ataque. Sérgio Conceição e a SAD cedo perceberam que não podem continuar com um ataque que muito desperdiça. A finalização tem de ser a pedra de toque que faltava. O FC Porto criava jogadas de ataque em doses industriais, tinha posse de bola em demasia, mas o golo aparecia vezes a mais a ser feito pelos defesas. Os defesas podem e devem marcar, mas a sua principal função é defender e não substituir quem é contratado para o efeito.
Pinto da Costa percebe como ninguém que na área do Dragão eram necessários ‘matadores’. Se havia quem cruzasse para a área com rótulo de perfeição (Alex Telles e Corona, por exemplo), porque diabo a bola não entrava em jogada corrida? Os pontas-de-lança são raros de se encontrar. Ter faro de golo é algo inato. Treinar movimentações e finalizar já se aprende nos treinos. Mas por mais que se ensine nem todos adquirem tal qualidade.
O passado no Dragão está recheado de nomes com eficácia atacante. Mário Jardel tinha o dom de saber onde devia estar, aliando uma impulsão sem igual. Apesar da técnica deficitária, sabia encostar a bola. Falcão foi dos mais elegantes cabeceadores que vi passar pelo Dragão. Era um ponta-de-lança leve mas tremendo. Jackson Martínez era mais possante, mas tinha uma técnica absolutamente invulgar. Três memórias mais recentes, que não apagam os nomes de Gomes, Domingos, Kostadinov ou McCarthy.
Sérgio Conceição não teve ninguém no plantel com estas características nos últimos anos. As vindas de Taremi, de Toni Martínez ou de Evanilson (que ainda terá muito que provar) vão fazer forçosamente render a guarda na frente de ataque. Os dois primeiros nomes vêm definitivamente para serem titulares.
É previsível que, após Fábio Silva, sigam o seu exemplo Soares e Marega (sedentos de experimentarem outros campeonatos), Zé Luís (por outras razões) e Aboubakar (que tem uma massa salarial incomportável para os dias de hoje no Dragão).
Taremi e Toni Martínez fizeram na época passada (os dois em conjunto) 35 golos nas suas equipas (Rio Ave e Famalicão). São jogadores que sabem finalizar, com vontade de jogar noutros palcos e com a certeza de que a bola lhes chegará ainda mais redonda na frente de ataque no FC Porto.