“O FUTEBOL NÃO DEVE SER DISCRIMINADO”
Diretor de planeamento estratégico da Liga alinha argumentos a favor do regresso dos adeptos e pede desculpa ao Sporting por não ter contribuído para a queda de Bruno de Carvalho e ‘obrigado’ assim à AG de destituição
ç Como diretor de planeamento estratégico da Liga Portugal o que pode adiantar em relação ao regresso dos espectadores aos estádios?
RC – O futebol profissional português deu um contributo muito significativo no momento da retoma dos campeonatos. Realizámos dez jornadas, os 90 jogos que faltavam, cumprindo tudo o que foram as indicações das entidades de saúde do Governo e fizemo-lo com muito sucesso. As sociedades anónimas desportivas deram um contributo importante na adaptação a uma realidade nova e cumpriram todas as exigências necessárias. Neste momento, o futebol português entende ser importante voltarmos à normalidade e trazermos para os nossos jogos aquilo que é a nossa alma: os adeptos. E é possível fazê-lo, cumprindo as normas definidas pelas entidades competentes e seguindo as recomendações de forma escrupulosa.
+ Nesse particular, o que é que já foi feito?
RC – O futebol profissional português já produziu um conjunto de planos de contingência para todos os estádios, de forma a que esta retoma possa ser feita com toda a normalidade. Aprovou e submeteu esses planos e um passo importante era termos oportunidade de realizar um conjunto de jogos de teste para podermos afinar estes planos, à semelhança do que tem sido a prática internacional das outras ligas. A Liga Portugal, em conjunto com as suas congéneres europeias, tem feito uma monitorização detalhada da realidade epidemiológica de cada país e também da realidade do futebol em cada geografia europeia. As situações e as realidades locais são diferentes, mas tem havido um esforço comum internacional de alinhamento das suas práticas.
+ Portugal não está entre os países que estão a realizar projetos-piloto para as pessoas regressarem aos estádios. Porquê?
RC – Essa decisão compete às entidades de saúde e aos órgãos governamentais competentes. Nós entendemos que o futebol português só teria a ganhar se utilizássemos os jogos que têm sido realizados nas últimas semanas, jogos amigáveis, para fazermos o processo de afinamento dos planos de contingência. Seria uma boa oportunidade para o futebol português melhorar este processo, ao utilizar estes jogos como teste desta nova normalidade, a que vamos ter de adaptar-nos ao longo da próxima época desportiva.
Qual a posição dos clubes e das SAD neste processo de regresso dos espectadores?
RC – Este é um trabalho transversal ao futebol português, que representa, atualmente, milhares de postos de trabalho, quase mil milhões de euros de receitas e que está empenhado em que parte fundamental da sua existência, os adeptos, regressem e possam comungar do desporto e do jogo em si. O futebol entende que não deve ser discriminado em relação a outras realidades.
+ O plano estratégico da Liga Portugal pode ser alterado devido à pandemia?
RC – A Liga Portugal continua exatamente no mesmo caminho, naquilo que é a promoção da nossa marca, a estratégia de internacionalização do futebol profissional, a profissionalização das instituições e do futebol português e, portanto, não houve uma alteração de estratégia devido à situação que se vive.
“FUTEBOL PORTUGUÊS JÁ PRODUZIU UM CONJUNTO DE PLANOS DE CONTINGÊNCIA PARA TODOS OS ESTÁDIOS”