Quanto vai valer Bale?
Eládio Paramés
çBale no Tottenham é a ‘bomba do ano’ em Inglaterra. Não há jornal, televisão e/ou comentador que não fale do regresso de Gareth ao clube londrino, pela mão do seu chairman, Daniel Levy.
Após sete anos em Madrid e de vários episódios caricatos, foi possível a clube e jogador encontrarem uma solução interessante para todos: com o empréstimo, por uma temporada, Bale pode relançar a sua carreira como futebolista (como golfista não precisa). Mas esta mudança de ares levanta interrogações.
Tenho a certeza de que o Tottenham vai rapidamente reduzir o investimento na contratação do internacional galês com negócios publicitários associados à imagem do jogador. Levy, um gestor que não dá ponto sem nó no que toca a finanças, percebeu isso e avançou para a contratação, saindo dela como um herói.
Mas se no plano financeiro a operação pode ser um êxito, o que será no plano desportivo? Sempre que queira, Bale é um futebolista de dimensão mundial. Mas cabe neste plantel do Tottenham? Ou melhor, é o jogador de que a equipa necessita para aumentar a sua competitividade? Julgo que não.
Conhecendo Mourinho e sabendo da forma como ele pensa e forma um plantel, tenho muitas dúvidas que ele construísse um com Bale, Son, Lucas, Lamela e Bergwin, tudo jogadores para as alas, e ficasse apenas com um ponta-de-lança, Kane. Não acredito que Mourinho arriscasse ser o único treinador do planeta a ter na sua equipa apenas um número 9 para competir numa prova tão dura como é a Premier.
No fundo, esta contratação revela a diferença que existe entre ser um ‘manager’ e um ‘head coach’. O primeiro gere o dinheiro como lhe aprouver; o segundo sujeita-se ao que os homens do dinheiro decidem. E assim sendo, enquanto treinador principal, Mourinho vai mais uma vez ter de inventar.