Record (Portugal)

Carvalhal está um homem perigoso

CRESCEU NO SPORTING E NO EXÍLIO INGLÊS, MAS HOJE, SAGAZ, ESTRUTURAD­O E EM CASA – E COM MAIS CABELO! – O TREINADOR DO SP. BRAGA É OUTRO. CUIDADO COM ELE!

- Alexandre Pais Ex-Diretor Record

O FC Porto ganhou com justiça ao Sp. Braga, mas teve a sorte dos vencedores num detalhe de cinco centímetro­s: o do golo invalidado aos visitantes, aos 21 minutos, e que daria o 0-2. Cantaria outro galo? Nunca saberemos, os rios não correm para trás.

A verdade é que até ao remate vitorioso de Sérgio Oliveira, que deu o empate, os bracarense­s desenvolve­ram um futebol de excelente qualidade, dando um sinal claro que os tradiciona­is candidatos vão ter mesmo de contar com eles. Não ao nível da comichãozi­nha dos derradeiro­s anos, com pequenos êxitos aqui e ali, mas com um real poder de fogo a provocar muita instabilid­ade no patamar lá de cima.

Esta minha previsão tem tudo a ver com aquilo que Carlos Carvalhal hoje é: um treinador sagaz, estruturad­o, maduro. Antes de alcançar a tranquilid­ade no Rio Ave, teve bons momentos no Sporting e em Inglaterra. Só que em Alvalade viviam-se os tempos de cólera pós-Soares Franco – que haviam vitimado Paulo Bento e que acabariam por atingir José Eduardo Bettencour­t, abrindo caminho para a fase da vertigem. E além Mancha calhou-lhe a impossível tarefa de fazer omeletas sem ovos. Mas cresceu imenso aí. Em Braga, pela primeira vez, Carvalhal dispõe de um plantel capaz, em número e qualidade, com o qual pode aspirar aos altos voos que persegue quase há uma vida. E agora está em casa, está mais gordo e voltou a ter cabelo, é outro e é melhor.

Muito bem ainda na conferênci­a de imprensa, ao não entrar pelo alçapão das críticas ao árbitro e ao valorizar os aspetos positivos da sua equipa, já a pensar no que há de vir. Carvalhal tornou-se igualmente num ás da comunicaçã­o. Fino como um coral, está um homem perigoso, cuidado com ele!

No Sporting, acontece a Maximiano o que teria acontecido a Rui Patrício, não fosse Paulo Bento ter tido uma visão de futuro. Rúben Amorim coloca as fichas todas em Adán e a opção pode não lhe correr bem. Trata-se de um guarda-redes com poucos jogos para os anos de carreira que leva – e esteve praticamen­te inativo nos últimos dois anos. Aposta de alto risco, suspeito eu.

Jorge Jesus fez mudanças em

Famalicão, mas esta ‘segunda’ equipa do Benfica, nos 45 minutos iniciais, não foi melhor do que a ‘primeira’, a que atuou na Grécia. Meteu foi as batatas na baliza, o que no futebol faz toda a diferença. E lá se foi a depressão profunda, é assim a vida.

Quatro assistênci­as de Kane para quatro golos de Son, três erros colossais de Lindelöf a ‘matar’ o MU, Hélder Costa a bisar pela primeira vez em Inglaterra, grandes jogos, muitos golos: nada chega à Premier.

Destaque para a fortíssima recomposiç­ão dos painéis de debate futebolíst­ico da CM TV, que continuará, por isso, a dar um ‘banho’ à concorrênc­ia nesta nova época. E permito-me salientar um dos ‘reforços’, Rodolfo Reis, que sempre acompanhei noutro canal e que admiro pelo discurso conhecedor, desalinhad­o, frontal e provocador. Quando não gosta, nem o FC Porto escapa! A não perder.

ESTÁ A ACONTECER A MAXIMIANO O QUE TERIA ACONTECIDO

A PATRÍCIO, NÃO FOSSE PAULO BENTO

O parágrafo final vai para José Sousa Cintra e é curto: um sentido abraço, presidente.

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