“Futebol está abandonado sem apoio do Estado” Formação voltou a ser a bandeira
O presidente leonino considera insustentável continuar com os jogos à porta fechada
ç Os dirigentes do futebol português continuam a reclamar o regresso do público aos estádios. Frederico Varandas decidiu quebrar o silêncio ao afirmar que “o futebol está abandonado” pelo Estado, e avisando que será insustentável manter os jogos à porta fechada por muito mais tempo por uma questão de sobrevivência dos clubes. A intervenção do médico, de 41 anos, surge após uma declaração do secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, que no início da semana defendeu o regresso do público aos recintos desportivos “nas próximas semanas”. Esta possibilidade foi anteontem descartada pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, que garantiu que tal não será previsível devido à “tendência crescente” de casos positivos. Esta série de avanços e recuos das autoridade levou o líder leonino a assumir uma posição pública. “Não entendo que não haja público nos estádios. Existe um abandono do futebol, sem apoio do Estado”, afirmou numa entrevista concedida à agência EFE onde também defendeu que há uma dualidade de critérios tendo em conta outros sectores e outros desportos: “É absurdo que num mês em que serão disputadas em Portugal provas de MotoGP e de Fórmula 1 e não possa haver público nos estádios, como acontece noutros espetáculos, como nos touros”. O dirigente considera ainda que a saúde pública não seria colocada em risco se os recintos desportivos pudessem receber de 20% a 30% da sua capacidade, uma taxa de ocupação que seria suficiente para assegurar o cumprimento das regras de distanciamento social. O responsável máximo do clube de Alvalade ainda garante que “será impossível” aos clubes sobreviverem nas atuais condições por muito mais tempo, e ainda adianta que o Sporting já terá deixado de lucrar 20 milhões de euros com as medidas impostas pela Direção-Geral da Saúde.
Sector muito específico
Na condição de médico que no período de confinamento voltou a trabalhar no combate à Covid-19, Frederico Varandas considerou que o futebol é uma área específica onde não devem ser aplicados cuidados que são obrigatórios em outros universos. “Nunca se pode perder o critério científico que nestes momentos se está a perder com o ruído e a pressão. Os verdadeiros grupos de risco são os idosos e os que têm algumas patologias associadas”, argumentou o dirigente, defendendo que “os critérios que se estão a aplicar pela Direção-Geral da Saúde de Portugal não fazem sentido no futebol”. Em relação a este último ponto, o clínico assinalou que a partir do décimo dia o paciente Covid não incorre no risco de transmissão e, em Portugal, “o paciente tem de estar 14 dias isolado”.
* À margem do novo coronavírus, Frederico Varandas também abordou outros assuntos na esfera desportiva. “A formação está de volta pois é o ADN do clube”, sublinhou o líder leonino, que recordou que o Sporting é o responsável por jogadores como Cristiano Ronaldo, Figo e Futre, entre outros. Uma vez que a entrevista foi concedida a uma agência noticiosa espanhola, o presidente também comentou a integração de Adán e Pedro Porro, dois reforços oriundos do país vizinho que se estrearam oficialmente frente ao Aberdeen. De acordo com o presidente, ambos já estão integrados no grupo apesar de só terem chegado no final do verão.
DIRIGENTE REVELA QUE MEDIDAS IMPOSTAS JÁ ORIGINARAM UM ROMBO DE 20 MILHÕES DE EUROS EM ALVALADE