PAULO FUTRE
Tenho um enorme respeito pelo Rui Malheiro, é uma enciclopédia do mundo do futebol e é um amigo. Gosto muito de ouvir e ler o que ele diz e escreve. Neste caso o Rui tem razão porque antes do jogo do PAOK ainda faltavam alguns jogadores para as posições que o Jorge Jesus pe
O
diu, mas, por outro lado, neste mercado horrível que todos os clubes querem vender e muitos não conseguiram ainda, e o Rui sabe que é assim, quando o plantel foi para a Grécia tinham 36/37 jogadores (alguns deles a treinar à parte). E se o Benfica não vende nem empresta joga
dores e só contrata, o plantel vai ficar com 40 e tal jogadores, e isto é impossível. Não há clube que aguente isto a nível salarial, porque os jogadores do Benfica não ganham pouco. Neste momento, depois da eliminação da Champions, já saíram o Florentino e o Fejsa, mas mesmo assim que era uma final e passaram este obstáculo, quero destacar o menino Tiago Tomás, que fez 18 anos em junho. Fez o seu primeiro golo oficial pelo clube de coração, com uma boa desmarcação, bom controlo e uma grande finalização. Este miúdo, como eu costumo dizer, vai ser um caso sério.
têm de sair muitos mais, para poderem contratar outros, e não há outra opção. Quanto à tua pergunta, o alemão Waldschmidt é um 9,5 e onde ele se sente melhor é a jogar atrás do ponta-de-lança, mas na minha opinião também pode jogar na ala direita.
Ⓡ Tinha 10 anos quando chegaste à grande equipa do Milan, em 1995/96, e admirava muito os teus colegas de equipa Simeone, Maldini, Costacurta, Boban, Weah... Desta verdadeira equipa de estrelas quem destacarias pela sua qualidade técnica e pela sua aura?
Tenho muitas histórias no ano que estive no AC Milan. E, tirando a minha terceira operação ao joelho, todas elas são positivas. Para ir ao encontro da tua pergunta, recordo-me que antes de entrar pela primeira vez no balneário do Milan, sentia-me um pouco nervoso e não era normal em mim. Estava com 29 anos, já tinha passado por muitos balneários e tinha sido capitão durante vários anos do Atlético Madrid, e jogado com o Maradona, que era o melhor jogador do planeta, na seleção do Mundo, por isso não entendia por que estava nervoso... Como dissestes e muito bem, Paulo, aquele Milão era uma das melhores equipas do Mundo na época, para não dizer a melhor, porque tinha autênticos craques e duas lendas vivas: Baresi e Maldini. O Fábio Capello, outro génio, era o treinador e começou a apresentar-me um a um os meus novos companheiros e o meu coração esteve sempre tranquilo, mas quando chegou a vez de conhecer um dos melhores laterais-esquerdos da história do futebol, o coração acelerou. Quando o Capello diz: “Paulo este é o Paolo Maldini”, só disse duas palavras, que foi muito prazer, mas a gaguejar. E logo a seguir levei com o melhor central da história, na minha opinião: “Paulo, e este é o nosso ‘capitano’ e líder Franco Baresi”, e gaguejei ainda mais. Aquele era o motivo do meu nervosismo. O Maldini e o Baresi eram autênticos mitos, mas com o tempo vi que também eram os reis da humildade e pessoas espetaculares e grandes referências e exemplos para os jovens jogadores italianos. Se me perguntassem que dois jogadores deveriam ser eternos pelo seu talento dentro do campo e a sua atitude fora das quatro linhas, sem dúvida alguma que responderia Maldini e Baresi, e todos os italianos diriam o mesmo que eu.
Envie a sua questão para PergunteAoFutre@record.pt, indicando o seu nome e cidade. As melhores serão selecionadas e respondidas na página semanal de Paulo Futre no Record, publicada aos domingos.