Afinal quanto vale um abraço?
Artur Fernandes
O ‘Dilema das Redes Sociais’ ( ainda que seja ‘montagem’ da Netflix ) chama a atenção para a manipulação da Internet. A gravidade da situação sente-se e merece a discussão sobre tal flagelo ao mais alto nível governamental. Desde o afastamento físico à obsessão tecnológica; ao desmoronamento do conceito das relações sociais que foram incutidas de geração em geração. Pela primeira vez na História, o produto somos nós, e o consumidor são as plataformas sociais. O pior disto é que é muito pior do que isto…
Como se tal fosse pouco, eis que aparece uma Covid que provoca mais afastamento, desconfiança, medo, indecisão. O futebol, sendo exageradamente humano, sairá desta fatalidade, esperemos, com menos paixão consumista e com mais consciência coletiva. Temos uma ideia sobre a proposta de jogo do Carvalhal, um palpite sobre a tática do Jesus, uma suspeita sobre a estratégia do Amorim, uma certeza sobre a tenacidade do Conceição. Mas ninguém sabe qual é o plano do Míster Coronavírus. O futebol sempre se achou importante, até que a Covid lhe contou a verdade: é que o futebol é só uma simulação da realidade. Chegou a hora das decisões e de o futebol assumir a vanguarda do exemplo. Se não os nossos descendentes jamais nos vão perdoar. Lembra-me a história do marinheiro que salvou uma criança de morrer afogada. A mãe dirige-se a ele e pergunta: “Foi você que salvou o meu filho?” O marujo responde que sim. Então ela reclama: “Não viu onde foi parar o chapéu do menino?!”
Andam alguns atrás do dito chapéu e algo está a falhar nas nossas vidas, na educação, para que gente medíocre e sem valores chegue, por vezes, a posições decisórias. Felizmente não é o caso de Portugal, mas os problemas internacionais agudizam-se. Redes sociais e Covids várias querem separar-nos, provocando a polarização, a desinformação e a ignorância. E nós, no futebol, só precisamos de estar num estádio para, num abraço, dizermos ao ouvido: “Vamos todos fazer melhor!”