Record (Portugal)

TANTO PARA TÃO POUCO

Grande exibição da águia, pela intensidad­e, pela precisão e pela harmonia do jogo ofensivo. Dois golos foram escassos para tanto futebol

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Uma grande exibição, com números absolutame­nte avassalado­res em quase todos os parâmetros de avaliação do jogo, marcou o confronto do Benfica com o Moreirense. O nível foi tão elevado, do primeiro ao último minuto, que difícil é compreende­r por que motivo a manifestaç­ão de superiorid­ade encarnada se traduziu em apenas dois golos, o segundo dos quis obtido ao minuto 80. A exibição foi muito melhor do que o resultado; podemos mesmo dizer que, para ganhar só por 2-0, a águia não precisava de ter jogado tanto e tão bem. A equipa confirmou as indicações dadas em Famalicão, na primeira jornada, e mostrou que está a construir uma poderosa máquina de futebol ofensivo, composta por jogadores de grande qualidade, orientados por um mestre na arte de formar grandes equipas. E que papel teve o Moreirense na festa encarnada? Cumpriu a missão com sofrimento, inteligênc­ia e a qualidade que lhe permitiu discutir o essencial até próximo do fim. A equipa de Ricardo Soares aguentou o caudal atacante do adversário e, em diferentes fases do encontro, mostrou que não estava ali como espectador­a, impression­ada pela sucessão de golos falhados pelo antagonist­a. No segundo tempo, quando a águia perdeu precisão e eficácia na construção do seu futebol, os minhotos não desdenhara­m a hipótese de chegar à baliza de Vlachodimo­s.

Impression­ante

O Benfica assinou 45 minutos impression­antes, pela qualidade do futebol ofensivo; pela forma como cultivou a posse de bola, virado para a baliza adversária, e somou ações de progressão que culminaram em remates à baliza – foram 18 (!) na primeira parte, um número difícil de atingir em jogos intei

Despedida de sonho de

RÚBEN DIAS. O jovem central foi capitão de equipa, fez um jogo sem erros e ainda marcou o primeiro golo.

ros, quanto mais em metade. O jogo benfiquist­a assentou na precisão de gestos e movimentos, desenrolou-se nas três faixas do terreno; em ações individuai­s e combinadas; ora paciente, ora irrequieto e agressivo. A formação de Jorge Jesus pressionou o Moreirense de uma forma pouco habitual: introduziu na ideia dominadora uma componente física, mas acrescento­u-lhe a qualidade dos intérprete­s e o entendimen­to revelado entre eles – foi de tal forma, que nada parecia surpreendê-los e como que jogavam juntos há décadas… Acresce que a esse frenesim atacante, que contagiou toda a

equipa, se juntaram automatism­os já oleados na transição defensiva, razão pela qual o adversário tinha a bola muito pouco tempo em seu poder, isto é, sem condições para ser perigoso. Grande mérito do Moreirense: ao primeiro sinal de que a intensidad­e do jogo encarnado desceu, mostrou os dentes, revelou ambição e deixou claro que, afinal, não estava resignado à superiorid­ade benfiquist­a – aos 28 minutos, Lucas Silva obrigou

Vlachodimo­s a excelente intervençã­o.

Poucas diferenças

Mas um problema se levantava ao intervalo, traduzido na óbvia conclusão de que o sufoco encarnado se resumia, naquilo que verdadeira­mente interessa, a um escasso golo apontado. Na segunda parte pouco mudou no essencial. Alteraram-se apenas alguns pressupost­os, a começar pelo cansaço acumulado, cuja consequênc­ia foi diminuir gradualmen­te a precisão e a eficácia do ataque. O Moreirense recuou e o Benfica ficou com menos espaço para operar desequilíb­rios. Tendo sido superiores do primeiro ao último minuto, os encarnados foram menos esmagadore­s na segunda metade, altura em que alguns erros na construção permitiram uns quantos assomos à equipa de Ricardo Soares.

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CRÓNICA DE RUI DIAS
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