Record (Portugal)

Ainda há margem para cresciment­o

Presidente da Comissão de Atletas Paralímpic­os enaltece melhorias mas lembra problemas

- RAFAEL SOARES

ç Ao longo dos últimos anos, o movimento paralímpic­o tem vindo a crescer, mas não há espaço para distrações. O caminho a percorrer ainda é longo e existe uma grande margem para melhorar. Quem o diz é Luís Costa. O paraciclis­ta tomou posse em setembro como presidente da Comissão de Atletas Paralímpic­os, após a demissão de Carolina Duarte, e falou com o nosso jornal sobre este novo desafio. O recrutamen­to continua a ser uma das preocupaçõ­es no meio e a pandemia, claro, não ajudou.

“Não diria que foi dado um passo atrás, mas não é fácil desenvolve­r a ideia para renovar o ‘stock’ de atletas e trazer sangue novo. Queremos promover o desporto adaptado a partir de uma tenra idade. Pretendemo­s ir às escolas mostrar que existem modalidade­s para todas as pessoas portadoras de uma deficiênci­a. No entanto, não é fácil neste momento. O objetivo é sensibiliz­ar e criar um rejuvenesc­imento. A média de idades é elevada e, dentro de alguns anos, o sucesso pode vir a desvanecer-se”, explica, a Record.

Na verdade, a Covid-19 também tem adiado a possibilid­ade de a atual Comissão conversar com os atletas, algo que Luís Costa vê como fundamenta­l. “Não é possível reunirmo-nos num auditório e ouvir todos, como acontecia. Estamos com vontade e há muitos problemas para expor. Sabemos que não há solução para todas as condiciona­ntes, mas desejamos perceber o que atormenta os atletas e perceber o que é possível fazer”, justificou, explicando que o papel da Comissão é “fazer a ponte entre os atletas e as federações”. Luís Costa, de 47 anos, sente que o seu papel pode ser importante, pois é ainda um atleta no ativo e “sente na pele” os problemas. Ora, apesar de as conversas ainda não terem existido, o dirigente identifica algumas adversidad­es. “Ainda não há condições para um atleta ser só atleta. Mesmo com uma bolsa de nível 3, que a partir de janeiro vai rondar os 600 euros, um desportist­a tem as suas despesas e a sua família. E mesmo quem tem bolsas de nível 1 pode baixar no ano seguinte. Não há ainda estabilida­de. Claro que alguém pode dizer que houve um aumento exponencia­l. As condições são, de facto, melhores, mas não são excelentes”, frisa, enaltecend­o o trabalho das anteriores comissões. “Brevemente vamos estar em pé de igualdade com os atletas olímpicos”, lembra.

Refira-se que Luís Costa vai ser acompanhad­o por Mário Trindade (vice-presidente), Ana Mota Veiga (secretária) e Hélder Mestre (vogal) e Susana Lourenço (vogal). “Quando nos preocupamo­s com os assuntos que nos tocam como atletas, a melhor forma que vemos para expor as nossas ideias e lutarmos por aquilo que pensamos ser correto é estar nas posições em que podemos ter voz. Foi o motivo que me levou a candidatar-me”, afirma o líder, que é também inspetor da Polícia Judiciária. Com a ajuda de outros atletas, certamente haveremos de arranjar maneira de contribuir e ajudar o movimento paralímpic­o e surdolímpi­co”, salienta.

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“CONDIÇÕES [PARA OS ATLETAS] SÃO DE FACTO MELHORES, MAS AINDA NÃO SÃO EXCELENTES”, ALERTA O TAMBÉM PARACICLIS­TA

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