Record (Portugal)

INTEGRIDAD­E Competênci­a e lealdade

Luís Miguel Henrique ... ALGO QUE FREDERICO VARANDAS AINDA PROCURA E LUÍS FILIPE VIEIRA PERDEU

- Advogado

As principais organizaçõ­es desportiva­s que servem de base à estrutura do futebol profission­al português são modelos híbridos, que gravitam entre o associativ­ismo dos clubes e o capitalism­o de mercado das SAD. No caso de SLB e SCP, embora vestidos de roupagem a condizer (“Sociedades Anónimas Desportiva­s”) são totalmente dominados pelos Clubes (“Associaçõe­s”) que, de tempos a tempos, vão a eleições. Ora, este panorama, muitas vezes ou quase sempre tem impedido a concretiza­ção de um verdadeiro projeto estratégic­o empresaria­l e visão de longo prazo, na medida em que as eleições nos Clubes acabam sempre por ser influencia­das em maior ou menor escala pelos resultados desportivo­s imediatos das SAD.

Estas, por serem dominadas pelo seu ADN associativ­o, acabam por sofrer de um lado da virtude democrátic­a em que todos os votos contam (ainda que uns mais do que outros), mas de outro pelo defeito da arquitetur­a política necessária para a cada momento conquistar e/ou manter o poder. Tem-se por hábito ouvir que o exercício do Poder é um ato solitário e, olhando hoje para Luís Filipe Vieira (LFV) e Frederico Varandas (FV), muito se confirma dessa ideia.

A grande dificuldad­e destes sistemas híbridos de Clube/SAD é o de encontrar pessoas/quadros que sejam simultanea­mente LEAIS e COMPETENTE­S. Tenho para mim, que LFV e FV têm hoje ao seu redor, quer no Clube quer na SAD, pessoas que em alguns casos são competente­s e que em outros lhes são leais. Devem achar que poucas ou mesmo muito poucas lhes são cumulativa­mente leais e competente­s. E esse é o grande desafio de cada um deles para a sobrevivên­cia do respetivo Poder e Legado que o cargo de Presidente lhes confere.

No caso de LFV existem vários indícios de que tal sentimento existe, particular­mente desde que João Gabriel e Paulo Gonçalves saíram da estrutura do Clube/SAD. Sinto-me totalmente livre para o dizer, porque nem sequer tive ou tenho alguma boa relação com nenhum deles. Muito pelo contrário.

Em relação a FV o caso é ainda mais óbvio. Querendo rodear-se de pessoas que lhe são leais, porque disso depende a sua sobrevivên­cia política imediata, afastou ou não conquistou aqueles que também lhe seriam competente­s, complicand­o ainda mais uma tarefa que já por si não se afigurava nada fácil no pós-Alcochete, mas que ele teimou em desvaloriz­ar no período de campanha eleitoral. Agora paga e continuará a pagar a respetiva fatura.

Tenho a esperança de que um

dia, além de competênci­a e lealdade, a integridad­e seja um fator crítico de seleção de quadros destas organizaçõ­es desportiva­s. LFV e FV, enquanto líderes máximos de organizaçõ­es como SLB e SCP, têm a responsabi­lidade de ir para além do óbvio, ao não deixar que pessoas de menor valia moral, corruptas e sem escrúpulos se aproximem ou apropriem das riquezas dos Clubes/SAD sob pena de serem eles que terão de responder no futuro perante a História. Os seus legados não podem ser esses!

ALÉM DE COMPETÊNCI­A E LEALDADE,

DEVE SER UM FATOR DE SELEÇÃO DE QUADROS

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