HORA DO CHÁ
Eládio Paramés O problema não é o jogo... são os treinos
çÉ um conflito recorrente o existente entre os clubes e as seleções. Contrariamente ao que se julga, este não é por o jogador x ou y ser ou não utilizado, mas essencialmente pelos processos de treino frequentemente utilizados. A realidade é que as lesões que ocorrem nas seleções, com exceção das traumáticas, são mais consequência do mau treino do que do tempo de jogo.
Nos clubes, aplica-se o critério do +1 e do +2, ou seja, os dias seguintes à competição, e quando o +2 coincide com o dia anterior ao jogo seguinte a exigência de critério no treino é decisiva e a recuperação e ativação dos atletas é o foco principal do trabalho.
Ora, há quem, nas seleções, ou por não ter experiência ou por falta de conhecimento, se esqueça desta exigência e faça treinos descabidos. E é aqui que reside o problema. Em Inglaterra, por exemplo, Kane, Dier ou Chilwell não tiveram problemas durante a competição, mas sim entre os jogos. E outros exemplos poderia dar em outras equipas nacionais.
Naturalmente, ninguém pode criticar um selecionador que faz alinhar aqueles que considera serem os melhores jogadores. Ninguém o critica, pois o seu único objetivo é ganhar. Mas aqueles que, no tal dia +2, coincidente com a véspera do dia de jogo, se esquecem de aplicar o tal critério rigoroso (recuperar e ativar) e acumulam erros metodológicos, estes, sim, são merecedores de crítica e, pior, são os responsáveis pelos problemas que atingem os jogadores. Responsabilidade que, também por norma, publicamente rejeitam. Mas a realidade é que, depois, são os técnicos dos clubes quem têm de resolver os problemas e muitas vezes se veem privados dos jogadores.
Creio, por conseguinte, que este conflito clubes-seleções só se diluirá quando as federações tiverem ao seu serviço técnicos experientes e com bom conhecimento científico e se estabeleça um diálogo permanente – e sério! – entre estes e os dos clubes. Até lá…em novembro há mais.