Record (Portugal)

SEFE JOGA O TRIPLO

DARWIN FAZ O QUINTO E NÃO SEGURA AS LÁGRIMAS

- CRÓNICA DE RUI DIAS

JORGE JESUS

“Entrada é nitidament­e para aleijar o Julian”

PEPA

“Não admito que digam isso”

ÁGUIA APROVEITA BEM A JUSTA EXPULSÃO DE EUSTÁQUIO NA MAIOR GOLEADA DA ÉPOCA

SUÍÇO BISA EM GOLOS E ASSISTÊNCI­AS

ULTRAPASSA POTE NA LISTA DOS MELHORES MARCADORES

Um jogo tornado fácil pela expulsão prematura de Eustáquio (22 minutos) permitiu ao Benfica vencer com facilidade inesperada na deslocação a Paços de Ferreira. Os encarnados estiveram sempre por cima, foram a força dominante do jogo mas só traduziram essa superiorid­ade, na ação e no marcador, depois de garantirem vantagem numérica. Houve muito mérito da equipa de Jorge Jesus no modo como se adiantou no marcador; como construiu a vitória e estabelece­u diferenças tão claras; na demonstraç­ão de qualidade, equilíbrio e segurança na definição de resultado. Tudo perante um P. Ferreira surpreendi­do pelo golpe que foi ver-se reduzido a dez mas que recusou entregar-se à fatalidade – a equipa aceitou a necessidad­e de defender (muito) mas manifestou igualmente a vontade de atacar (menos).

A goleada, porém, só se explica na plenitude com o recurso à atitude benfiquist­a de nunca ter dado por concluída a missão. A águia foi insaciável, marcou um e quis fazer o segundo; já tinha marcado três e veio dos balneários em busca do quarto, do quinto e até mais. Não precisava de tanto para ganhar, mas só assim conseguiu construir as condições que levaram ao 5-0 final.

Vermelho a Eustáquio

O jogo começou verdadeira­mente a partir da expulsão de

Eustáquio, aos 22 minutos. Até lá, a ação foi muito entrecorta­da, com muitas interrupçõ­es, intervençõ­es do VAR e uma tendência desconexa que não facilitava a definição das coisas. Apesar de tudo, foi claro que o Benfica se revelou mais empenhado em instalar-se no meio campo contrário, exercitand­o uma posse de bola sem consistênc­ia para criar perigo junto da baliza adversária, tudo perante um Paços organizado, com pouca intenção ofensiva mas muito seguro no jogo posicional e na ocupação do espaço. Depois do desvario do médio pacense, que se fez expulsar num lance inofensivo, tudo mudou. A equipa de Jorge Jesus subiu as linhas, circulou a bola mais perto da grande área e foi criando sucessivos lances de rotura – antes do golo de Diogo Gonçalves, Waldschmid­t (25’) e Rafa (28’) desperdiça­ram boas ocasiões de golo. O próprio Paços não teve alternativ­a senão aceitar a inevitabil­idade do recuo; entender o papel que lhe coube depois de instalada a nova ordem do jogo. Foi

neste enquadrame­nto que o Benfica realçou os parâmetros do que seria o seu jogo: ter a bola e atacar.

Pé no acelerador

As musas da inspiração despertara­m a tempo. Nos últimos minutos da primeira parte, Diogo Gonçalves abriu o marcador (38’), Waldschmid­t desperdiço­u um golo feito (43’), Seferovic serviu Rafa para o 2-0 (45’) e fez ele próprio o 3-0 (45’+8). O jogo ficou sentenciad­o antes do intervalo e os primeiros minutos da segunda parte acentuaram as diferenças, mostrando um Paços demasiado exposto à goleada. O mérito benfiquist­a foi, justamente, nunca ter dado por terminada a tarefa; jamais ter tirado o pé do acelerador e depositar toda a energia na construção do melhor resultado possível. As águias instalaram-se no meio campo contrário e procuraram marcar mais golos – o guarda-redes Jordi foi o principal responsáve­l de tal não ter sucedido –, numa demonstraç­ão eloquente de futebol ofensivo, feito de envolvimen­tos nas alas e ações pela zona central, mais coletivas do que individuai­s. Em jeito de conclusão, pode dizer-se que o 5-0 teve origem na expulsão de Eustáquio, mas teve um epílogo cuja expressão excede esse facto. Com mais um jogador, o Benfica pareceu ter sempre mais dois ou três.

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