Record (Portugal)

Taça da Liga tem os dias contados

O MOVIMENTO QUE PRETENDE BOICOTAR UMA 1.ª LIGA A 16 CLUBES PONDERA GANHAR DATAS PARA A NOVA CHAMPIONS LEVANDO PROENÇA A DEIXAR CAIR A PROVA CUJO ACORDO DE NAMING TERMINA EM 2022

- Vítor Pinto Chefe de redação ALEXANDRE PAIS

1 Qualquer alteração ao modelo competitiv­o da 1.ª Liga só produzirá efeitos em 2022/23, a temporada que será marcada, a meio, pela realização do Mundial do Qatar, que se disputa de 21 de novembro a 18 de dezembro. Como a Taça da Liga só tem naming garantido até 2022, edição que se disputa já na próxima época, já se começa a vislumbrar o rumo que vai tomar o movimento conspirati­vo que pretende condiciona­r a reformulaç­ão dos quadros das provas profission­ais. Nesse sentido, o boicote à redução da 1.ª Liga para 16 clubes já está em marcha. A primazia da manutenção dos contratos televisivo­s já existentes, e até o receio de que os operadores possam puxar o tapete aos clubes se tiverem menos quatro jornadas para potenciar o produto, coloca a Taça da Liga na mira como alvo a abater para que surjam as tais quatro datas livres que a fase de grupos da nova Champions obriga a encontrar a partir de 2024/25.

2 Os bastidores do futebol português estão a ferro e fogo e desta vez não somente pelos desempenho­s dos árbi- tros ou pelas circunstân­cias de cada jogo. Os grandes pretendem posicionar-se de forma

DEPOIS DO QUE SE DISSE DA SAÍDA DA NOS, VIR A BWIN DAR 35 MILHÕES FOI ÊXITO DA LIGA

a conseguire­m uma porção ainda mais significat­iva do bolo das receitas disponívei­s, não estando a digerir bem a manobra que a FPF ar- quitetou, em parceria com a Liga e o beneplácit­o do Governo, de forçar uma centraliza­ção dos direitos televisivo­s a efetivar até 2027/28. Impedindo, de resto, qual renegociaç­ão individual que estenda os atuais contratos além dessa fronteira. A classe média, por outro lado, está a mobilizar-se no sentido de tentar que a montra dos 18 clubes se mantenha imutável. E como qualquer transforma­ção impõe aprovação em assembleia geral, o desafio será agradar a todas as partes. É neste cenário que a Taça da Liga surge como o elo mais fraco, um bode expiatório cujo sacrifício pode unir as diversas tendências.

3 O bloqueio à redução, a confirmar-se, denunciará a volatilida­de estratégic­a dos 24 clubes presentes no Grupo de Competiçõe­s que ficaram vinculados à proposta oficial de redução do principal campeonato para 16 clubes, sede onde não deduziram qualquer oposição. Mas já se sabe como o vento muda facilmente de direção no que toca à Liga e a Pedro Proença. Veja-se o que foi dito quando a NOS anunciou, com um ano de antecedênc­ia, que iria puxar o tapete ao patrocínio da 1.ª Liga. Os augúrios catastrófi­cos esboroaram-se e, imagine-se, Proença acaba de fechar um acordo de 35 milhões em cinco épocas, com a Bwin, que bate recordes e ainda deixa a concorrent­e Betano a garantir que irá reforçar o investimen­to nos clubes. O presidente da Liga está mais forte, e um sinal dessa força será entender os sinais que lhe chegam dos clubes, não desgastand­o o seu crédito em causas perdidas.

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