Record (Portugal)

O campeonato espanhol está ao rubro. O At. Madrid vai ‘perder’ o título? PEDRO BORGES, DAMAIA

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Na jornada 21, o meu Atlético Ma- drid jogou em Cádis, ganhou 4-2 e ficou com uma vantagem de 10 pontos sobre Barcelona e Real Madrid, tendo menos um jogo. Em vez de estar feliz, fiquei preocupado. Quando estávamos a ga- nhar 2-1, o Koke tocou a bola claramente

com a mão e o árbitro marcou (bem) penálti. Naquele momento não fiquei preocupado, porque se o Cádis empatasse, tínhamos ainda toda a segunda parte para ganhar o jogo. Quando o VAR mandou o árbitro analisar aquele penálti claríssimo começou a minha preocupaçã­o. No tempo em que esteve a ver as imagens pedi ao meu amigo lá de cima que não mudasse de opinião. Não foi assim. No meu primeiro ano em Espanha, quando ganhávamos um jogo com erro grave do árbitro pagávamos muito caro. Até podíamos ganhar por exemplo os seis jogos seguintes, mas para isso tínhamos de fazer jogos perfeitos porque jogávamos também contra a equipa de arbitragem. Por isso, o normal era que perdêssemo­s mais pontos nesses jogos do que aqueles que ganháramos com o erro do árbitro. Como capitão falava depois dos jogos à imprensa. Rebentava os árbitros quando erravam contra nós, mas como mandava bolas para fora quando éramos beneficiad­os, as minhas queixas eram abafadas pela a imprensa para Real Madrid e Barcelona com frases do tipo: “Por que razão o português se queixa agora e não quando foi beneficiad­o?”. Podíamos ser prejudicad­os, mas iam sempre buscar os benefícios naquele jogo. Mesmo se não houvesse grandes escândalos as arbitragen­s eram tão habilidosa­s que só em casa, depois de ver o jogo completo, percebia que tinham inclinado a balança. Se soubesse o que sei hoje quando o Atlético era beneficiad­o num jogo diria algo assim: “Não queremos ganhar nunca mais como hoje, o nosso rival perdeu injustamen­te, este árbitro não tem qualidade para apitar jogos na liga espanhola e se fosse por mim repetíamos este jogo”. No jogo de Cádis não ficaria preocupado porque o VAR também tinha visto, como toda a Espanha viu, incluindo os colchonero­s mais radicais, que o Koke fez penálti. Naquelas 21 jornadas o Atlético sofreu 10 golos. Nos 4 jogos seguintes, com Celta, Granada e dois com o Levante, sofreu 6 golos e daqueles 12 pontos voaram 7. No dérbi com o Real Madrid o VAR mandou o árbitro analisar um penálti que só ele tinha visto a favor dos merengues, mas desta vez o árbitro não foi atrás de histórias Pedro, senão o Atlético hoje já nem líder era. Dito isto, nas 8 finais que faltam, o Atlético não depende de ninguém para ser campeão. Frente ao Eibar, a primeira final, uma vitória seria excelente mas só se não houver erros graves a nosso favor porque se isso acontecer vamos pagar. O Atlético só será campeão com 8 jogos perfeitos. E se tiver de ganhar com erro grave a favor, só na última jornada. Pedro, o campeonato espanhol está mesmo ao rubro, e só posso terminar assim: “AUPA ATLETIIIII”.

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